tag:blogger.com,1999:blog-78406102864754103282024-03-19T21:41:38.478+00:00O Conserto das NaçõesPolítica externa deste e de outros mundosOttohttp://www.blogger.com/profile/07498783504054220252noreply@blogger.comBlogger205125tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-13845133698679377732010-04-08T00:05:00.004+01:002010-04-08T00:31:25.100+01:00START IIIPoucas coisa alegram o panorama da política internacional como um novo acordo <a href="http://www.armscontrol.org/factsheets/start3">START (III)</a>. Se podemos congratular o Presidente norte-americano pelo seu papel fundamental, não menos interessante terá sido o contributo dos Presidentes russos Dmitri Medvedev e Vladimir Putin (ver <a href="http://www.armscontrol.org/act/2010_04/Putin">aqui</a> um bom exemplo). Contudo creio que para ambos se tornou bastante claro que o Irão estará mais pressionado a resolver a ambiguidade que tem marcado a sua política externa. Vamos ver como correm os próximos dias, sob os auspícios de um novo START.Niccolohttp://www.blogger.com/profile/00381897096379347654noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-84609917748715532242010-01-26T17:09:00.005+00:002010-01-26T17:14:12.889+00:00O próximo Século Económico...Veja aqui, na próxima reunião anual do Fórum Económico Mundial, DAVOS 2010!<br /><br /><a title="blocked::http://www.weforum.org/en/events/AnnualMeeting2010/index.htm" href="http://www.weforum.org/en/events/AnnualMeeting2010/index.htm">http://www.weforum.org/en/events/AnnualMeeting2010/index.htm</a><br /><br />Será que podemos fazer melhor do que no Séc. XX?<br /><br />Creio que sim, até podemos ser melhores em ser piores, por isso, optimismo!Niccolohttp://www.blogger.com/profile/00381897096379347654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-52512933396289507132009-10-01T16:20:00.002+01:002009-10-01T17:03:14.876+01:00De regresso... com a GeórgiaFoi ontem divulgado o relatório sobre a crise na Geórgia em Agosto de 2008. Está disponível em <a href="http://www.ceiig.ch/">www.ceiig.ch</a> e foi encomendado pela União Europeia, tendo sido elaborado por uma equipa chefiada por uma diplomata suíça - primeiro nome Heidi, como não podia deixar de ser.<br /><br />O relatório diz aquilo que há muito era óbvio: a Geórgia, ou seja, o Presidente Saakashvili, foi quem deu o primeiro tiro e a Rússia, há muito preparada, ou seja, à espera do pretexto, não perdeu tempo para aproveitar a desculpa. O que se seguiu não exime ninguém de culpas: a Geórgia bombardeou intensamente as regiões separatistas, a Rússia invadiu a Geórgia <em>proper</em> e ambos cometeram a sua quota-parte de atrocidades.<br /><br />No rescaldo do conflito, o Presidente Saakashvili mantém-se no poder, embora muito fragilizado pela oposição interna, e a Rússia cometeu o erro crasso de reconhecer como Estados independentes a Ossétia do Sul e a Abcázia. Tem como companhia as mui respeitáveis a Nicarágua e a Venezuela, que, como se sabe, são Estados em que os amanhãs ainda cantam.Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-23368770405808340442009-01-08T12:15:00.008+00:002009-01-08T12:58:01.601+00:00Pérolas... simplesmente espectacular!Finalmente está a terminar um calvário de 8 anos (que bem podiam ter sido só 4) de Administração Bush Jr., e bolas, foi MESMO MAU. Não só pelos estragos causados pela sua desastrosa e incompetente gestão, mas também pela sua absoluta e TOTAL falta de tacto, cultura e bom senso. O atrevimento da sua ignorância e a presunção do seu raciocíonio chegaram a levar-nos às lágrimas (de riso).<br /><br />O melhor disto tudo é que qualquer pessoa que queira escrever uma biografia dele, já tem coisas giras para pôr no 'almanaque'. São os 'bushismos', através dos quais, durante estes 8 anos, ficámos a saber:<br /><br />- o que pensa de si próprio: "They misunderestimated me." Bentonville, Arkansas, 6 November, 2000<br /><br />- o que (não) percebe de Política Internacional: "For a century and a half now, America and Japan have formed one of the great and enduring alliances of modern times." Tokyo, 18 February, 2002<br /><br />- o que pensa sobre a guerra: "I think war is a dangerous place." Washington DC, 7 May, 2003<br /><br />- o que pensa sobre o seu trabalho: "You know, one of the hardest parts of my job is to connect Iraq to the war on terror." CBS News, Washington DC, 6 September, 2006<br /><br />- o que pensa sobre educação: "You teach a child to read, and he or her will be able to pass a literacy test.'' Townsend, Tennessee, 21 February, 2001<br /><br />- que tem jeito para Economia: "It's clearly a budget. It's got a lot of numbers in it." Reuters, 5 May, 2000<br /><br />- que não é info-excluído: "Information is moving. You know, nightly news is one way, of course, but it's also moving through the blogosphere and through the Internets." Washington DC, 2 May, 2007<br /><br />- que está em contacto com a Natureza: "I know the human being and fish can coexist peacefully." Saginaw, Michigan, 29 September, 2000<br /><br />- que é decidido: "I'm the decider, and I decide what is best." Washington DC, 18 April, 2006<br /><br />Mas sobretudo ficámos a saber o que pensa do seu trabalho na Casa Branca: "I'll be long gone before some smart person ever figures out what happened inside this Oval Office." Washington DC, 12 May, 2008 <br /><br />Mais aqui > <a href="http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/7809160.stm">http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/7809160.stm</a><br />ou aqui > <a href="http://politicalhumor.about.com/library/blbushisms.htm">http://politicalhumor.about.com/library/blbushisms.htm</a><br /><br />No que toca a 'bushismos', o mundo é vosso. Há literalmente 345.000 entradas no Google sobre o assunto.<br /><br />Depois de Monty Python, do que eu gosto é de um bom 'bushismo'!!!!Niccolohttp://www.blogger.com/profile/00381897096379347654noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-42553194340706875092009-01-05T17:10:00.004+00:002009-01-05T18:09:43.441+00:00Os presentes no sapatinho de ObamaEm Relações Internacionais, especificamente em Política Internacional, costumamos dizer que as decisões são racionais ou irracionais consoante os resultados obtidos. Analisemos à luz deste preceito:<br /><br />- tensão entre India e Paquistão (ambos potencias nucleares).<br />- dificuldades na operação no Afeganistão.<br />- Retirada norte-americana do Iraque é capaz de gerar muito mais confusão do que o esperado.<br />- Africa em chamas: Sudão, Somália, Quenia, Zimbabwe, Congo (potencialmente teremos RAS e Gana em 2009 a juntar-se ao clube). Ainda não vou criticar as acções do Exercito da Guiné Conakri, que por enquanto parecem honestas, mas com todo o potencial para se transformarem e darem origem ao tradicional regime militar opressor africano (um modelo de sucesso naquela paragens).<br />- Georgia e Kosovo: duas lindas pérolas!<br />- Relações Israel-Palestina em estado de sítio (Road map to hell)<br /><br /><br />Creio que infelizmente para as hostes de GWB, a história não irá ser simpática com os resultados da sua Administração.<br /><br />Também acho que Obama nomeou Hillary como sua Diplomata nº1 para a castigar...Niccolohttp://www.blogger.com/profile/00381897096379347654noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-12184512854176201632008-11-14T12:29:00.002+00:002008-11-14T12:37:37.088+00:00RDCJá foi Estado Livre do Congo, Congo Belga, República do Congo, Zaire e agora é República Democrática do Congo... As mudanças toponímicas foram muitas, mas, infelizmente, o Congo raramente (se é que alguma vez o foi) é notícia por bons motivos... Agora na região do Kivu (John Le Carré conhece-a bem), com o Ruanda à mistura e Angola a procurar manter o apoio a Kinshasa. Sei pouco de África, mas desconfio que, a haver solução para o Congo e a tristemente famosa região dos Grandes Lagos, ela terá de vir de fora... No momento em que os vizinhos e, principalmente, as potências regionais deixarem de ter interesse na instabilidade daquela zona ela provavelmente deixará de ser tão forte. E esse momento pode estar a chegar. Há uns anos Angola, Ruanda e outros já teriam enviado tropas, cada um disposto a defender o seu quinhão, mas agora assiste-se a uma difícil auto-contenção, porque os riscos de essa instabilidade se alastrar não são poucos e os custos seriam enormes...<br />Para seguir o que se passa ver <a href="http://drc.ushahidi.com/">http://drc.ushahidi.com/</a>Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-49493690258383948762008-11-13T11:09:00.002+00:002008-11-13T11:12:46.638+00:00AccountabilityOs EUA têm destas coisas... A equipa de transição de Obama criou um site a explicar todo o processo de mudança de administração, convenientemente alojado no endereço <a href="http://www.change.gov/">www.change.gov</a>. Agora conhece-se o questionário que potenciais candidatos a cargos públicos terão de preencher caso queiram trabalhar na Administração (ver <a href="http://graphics8.nytimes.com/packages/pdf/national/13apply_questionnaire.pdf">aqui</a>). Relembre-se que há milhares de postos <em>up for grabs</em>, já que a administração federal não é, como na generalidade dos países europeus, neutral (a série Yes Minister não se poderia passar nos EUA). As escolhas políticas são muitas e todo o cuidado é pouco...Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-44222216749091889802008-11-10T12:52:00.003+00:002008-11-10T12:57:32.365+00:00De regressoE regresso, como não podia deixar de ser, com a vitória de Obama. Muito já se escreveu sobre os desafios que tem pela frente, sobre a dificuldade que terá em manter viva a chama de esperança que o levou a ser eleito e sobre o duro choque que todos aqueles que, fora dos EUA, o apoiaram vão ter quando Obama começar efectivamente a governar. Aguardaremos. Até lá registo apenas três momentos:<br /><br />1 - O discuros de vitória:<br /><br /><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Jll5baCAaQU&hl=en&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/Jll5baCAaQU&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />2 - O discurso de McCain, de uma dignidade a toda a prova:<br /><br /><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/bT7DZZ1iEnk&hl=en&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/bT7DZZ1iEnk&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />3 - Os melhores momentos de Sarah Palin, para quem ainda tenha dúvidas sobre a preparação desta senhora:<br /><br /><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/NrzXLYA_e6E&hl=en&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/NrzXLYA_e6E&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-89730357267192642782008-10-03T18:45:00.006+01:002008-10-07T16:47:18.428+01:00Kosovo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-EobRivijJMHDQJqSUIK5hn4oBCTWblShhTG4a11pla2QhwKBbhvPdaQ8KelGIA5pVBnwjBZQfpR3rG0VSPajwSABhEc1D07XNxtir4vPd0fs7kzdDvVTIucd3-RHLZoIhYEF9P2mBVYu/s1600-h/800px-Flag_of_Kosovo_svg.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5254026952498283794" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-EobRivijJMHDQJqSUIK5hn4oBCTWblShhTG4a11pla2QhwKBbhvPdaQ8KelGIA5pVBnwjBZQfpR3rG0VSPajwSABhEc1D07XNxtir4vPd0fs7kzdDvVTIucd3-RHLZoIhYEF9P2mBVYu/s200/800px-Flag_of_Kosovo_svg.png" border="0" /></a>Parece que o Governo Português se prepara para, em breve, talvez já na terça-feira, reconhecer a independência do Kosovo. Apesar de ter sido daqueles que concordou com a recusa inicial de Lisboa em dar esse passo em Fevereiro, penso que, agora, esta é uma decisão compreensível. E porquê?<br /><br /><div>Essencialmente, porque a política não é o que nós gostaríamos que fosse, mas sim aquilo que é. De facto, no plano dos princípios a nossa posição de não reconhecimento é muito confortável, já que temos o Direito Internacional do nosso lado. E, para um país como Portugal, o Direito Internacional é uma arma diplomática fundamental. Não temos outra, seja ela militar ou mesmo económica. Só pugnando por uma defesa intransigente do Direito Internacional é que garantiremos o respeito pelos compromissos internacionais - não pela razão da força, mas sim pela força da razão. </div><br /><div>Há, contudo, outras razões a ter em conta, que se sobrepõem àquela:</div><br /><div>- todos os nossos Aliados, com excepções em Madrid, Bratislava, Atenas, Nicósia e Bucareste (por razões que não se nos aplicam) reconheceram a independência. Não se trata aqui de defender uma política de <em>Maria-vai-com-todos</em>. Trata-se, somente, de reconhecer que estamos desalinhados do nosso centro político natural. E porquê? Países da nossa dimensão, para quem o Direito Internacional e a defesa dos seus princípios, é tão ou mais fundamental do que para nós, já reconheceram o Kosovo. Lisboa continua numa posição, não de intransigência, mas de reflexão, que não é, de todo, confortável. A decisão não foi de não reconhecer nunca. Foi a de não reconhecer por enquanto. Ora, já vimos como a situação evoluiu no terreno e eventuais reticências que pudessem existir no passado não se confirmaram no presente;</div><br /><div></div><div>- Portugal participou na campanha aérea da OTAN de 1999 que nos conduziu, em última análise, à situação actual. Porquê, agora, continuar a sublinhar a perenidade de certos princípios que, na altura, não nos toldaram a acção?</div><div></div><br /><div>- a situação no e do Kosovo é, de facto, <em>sui generis.</em> A própria Rússia, que até há pouco tempo mantinha uma certa superioridade moral nesta questão (que perdeu quando reconheceu a Abcázia e a Ossétia do Sul), hesita em fazer paralelismos entre as duas situações.</div><div></div><br /><div>É certo que o timing da decisão do Governo português pode não ser o melhor, atendendo à situação no Cáucaso, mas os custos do não reconhecimento parecem, e aqui há que acreditar no que diz o Governo, ultrapassar, largamente, os custos da manutenção da actual situação... Como diria o outro, <em>I go to bed an idealist, but wake up a realist</em>!</div>Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-75127779414941594832008-09-30T11:21:00.002+01:002008-09-30T12:12:45.118+01:00Bailout PlanO título do <em>post</em> vai buscar inspiração ao plano intervencionista do Governo dos EUA para ajudar aos bancos norte-americanos (e não só) a recuperar da crise financeira. E fá-lo como pretexto para voltarmos, aqui no <em>blog</em>, a um dos nossos temas preferidos: as eleições presidenciais nos EUA.<br /><br />- Um dos méritos deste plano foi o de demonstrar a vitalidade da democracia norte-americana. O Presidente Bush, que conta tanto que só se sentiu com autoridade para fazer avançar este plano no momento em que Obama e McCain se lhe associaram; a liderança dos partidos democrata e republicano; a quase globalidade dos comentadores económicos; a <em>intelligentzia</em> de Wall-Street;..., todos queriam o plano. Mas não é só o Presidente que vai ser eleito em Novembro. Há membros do Congresso que também vão a votos. E no momento em que muitos eleitores questionam a bondade de um plano que põe em causa os princípios básicos do mercado, em que os americanos são ensinados a acreditar desde o nascimento, os candidatos à reeleição não querem correr riscos desnecessários. E, assim, <em>democracy trumps party-politics</em>...<br /><br />- Outra virtude do plano foi a de demonstrar a clara incapacidade dos Republicanos em temas económicos. McCain, ao que se diz, não teve qualquer participação construtiva no debate que decorreu na Casa Branca com Bush, Obama, Paulson e outros. Para além disso, deu um golpe baixo de suspensão da campanha, a que Obama, e muito bem, respondeu que um Presidente tem de ser um <em>multi-tasker</em>.<br /><br />- As sondagens têm mostrado uma subida constante de Obama. Resposta dos Republicanos? Pensam em casar a filha de Palin antes das eleições, marcando a agenda durante uma semana e retirando protagonismo a Obama. Bonito, não é?Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-52178359736800259842008-09-29T14:20:00.004+01:002008-09-29T15:36:05.568+01:00EleiçõesEstes últimos dias têm sido férteis em actos eleitorais... Senão vejamos:<br /><br />- Na <strong>Bielorrússia</strong> realizaram-se, ontem, eleições parlamentares. A OSCE deve dar o seu veredicto sobre a justeza e liberdade do escrutínio esta tarde, mas já se sabe que a oposição não conseguiu eleger nenhum dos seus candidatos(ver <a href="http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1344261&idCanal=11">aqui</a>). Não é, portanto, de Minsk que chegam quaisquer surpresas. Contudo, este é um acto eleitoral a seguir com atenção, não tanto pelos procedimentos, mas mais pelas consequências. A Rússia quererá, certamente, assegurar-se que Lukachenko não continua a aprofundar uma tímida aproximação ao Ocidente e este, em particular a UE, deverá tentar ler nas entrelinhas do relatório da OSCE uma qualquer mensagem positiva que permita uma também tímida aproximação à "última ditadura da Europa". Real politik oblige...<br /><br />- Na <strong>Áustria</strong> a extrema-direita, no seu conjunto, conseguiu quase 30% dos votos (ver <a href="http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1344265&idCanal=11">aqui</a>). É o regresso de Haider (desta vez noutro partido). Só espero que a UE não ceda ao politicamente correcto, embarcando, como em 2000, num desastroso processo de imposição de sanções diplomáticas. Numa altura em que a democracia não vive, em alguns cantos do mundo, os seus melhores dias, dizer que o sistema só é bom quando elege um dos nossos não parece a melhor solução. Até porque, e pegando na teoria da vacina de Kissinger, que nos é tão próxima, os austríacos poderão aperceber-se, em breve, do enorme erro que é entregar o poder (ou mesmo parte dele) àqueles partidos.<br /><br />- No <strong>Equador</strong> o Presidente Correa, amiguito de Chavez e sus muchachos, venceu o referendo à nova Constituição (ver <a href="http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1344276&idCanal=11">aqui </a>e <a href="http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/7640704.stm">aqui</a>), que, entre outras pérolas, lhe permite candidatar-se a um outro mandato, dissolver o Congresso nos primeiros três anos do seu mandato (de quatro), abre a porta ao não pagamento da dívida externa e à nacionalização de algumas indústrias. É o socialismo à la América Latina...<br /><br />Bons tempos, estes!Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-3982752443830732322008-09-23T12:02:00.003+01:002008-09-23T12:13:06.167+01:00Um erro arredondadoAinda sobre a África do Sul e sobre o post imediatamente <em>infra</em>, cumpre informar que o Sr. Jacob Zuma diferiu a assunção do cargo de Presidente da República da África do Sul até às eleições de Abril de 2009. Entretanto fica a segurar as pontas o Sr. <a href="http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1343553&idCanal=11">Kgalema Motlanthe</a>.Ottohttp://www.blogger.com/profile/07498783504054220252noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-21736874746427224422008-09-22T10:53:00.006+01:002008-09-22T11:37:48.853+01:00Mudança de liderançaSopram pelo mundo ventos de mudança. É nos EUA; é na África do Sul, em Israel e no Japão. Até no Largo do Rato. Mas como este <em>Conserto</em> se dedica a olhar para além das fronteiras da ditosa pátria nossa amada, o Sr. Primeiro-Ministro não será objecto das nossas dissecções.<br /><br />Ainda não nos internámos a trabalhar sobre o novo fôlego das eleições norte-americanas que a Governadora Palin representa e sobre a crise financeira e as suas implicações sobre a política externa prometida por ambos os candidatos. Por uma vez, desviamo-nos um bocado de bombardeamentos e oleodutos e seitas obscuras. Não que o mundo da banca de investimento seja transparente...<br /><br />Novos chefes de governo na calha:<br /><br /><a href="http://www.jpost.com/servlet/Satellite?cid=1221489061154&pagename=JPost%2FJPArticle%2FShowFull">Tzipi Livni</a>. Boas notícias. Moderada e decidida, a Sr.ª Livni, ex-MNE (o que é quase sempre uma boa credencial) ganhou à tangente as eleições internas no Kadima contra o "falcão" (de vôo baixinho) Saúl Mofaz. Será muito interessante acompanhar as próximas eleições em Israel e ver como lida ela com as múltiplas frentes onde Israel se debate - e a frente interna não é a mais pacífica, atenção.<br /><br /><a href="http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/asia/article4801545.ece">Taro Aso</a>. Notícias assim-assim. Tem a seu favor gostar muito de banda desenhada e uma queda pronunciada para o politicamente incorrecto, i.e., para a <em>gaffe</em>. Se cometer as <em>gaffes</em> com a <em>panache</em> do ex-PM Koizumi, ainda pode sair-se airosamente. De outro modo, podem cumprir-se os vatícínios de que Taro Aso PM não chega ao Natal. Ainda assim, no Japão a frente interna é a decisiva.<br /><br /><a href="http://oconsertodasnacoes.blogspot.com/2007/12/dias-agitados-na-frica-do-sul.html">Jacob Zuma</a>. Notícias, no mínimo, preocupantes. Vencedor, nas ruas, de acusações de corrupção e abusos sexuais, o sr. Zuma vence agora o golpe palaciano que leva o <a href="http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/africa/article4799755.ece">Presidente Mbeki </a>a renunciar à posição de Chefe de Estado e de Governo. Não quero ser excessivamente negativo, mas aquilo que se pode esperar do Presidente Zuma não é muito inspirador. Espero estar redondamente enganado.Ottohttp://www.blogger.com/profile/07498783504054220252noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-71865071851099203302008-08-28T11:35:00.010+01:002008-08-28T12:59:18.661+01:00Arrepiante...<div align="justify">Não deixa de arrepiar um pouco toda esta tensão com a Rússia, pois se olharmos para a situação e fizermos um pequeno exercício de história comparada, ficamos com a ligeira impressão de já termos visto isto uma vez. Parece um 'cocktail de Crimeia com um <em>twist</em> de Guerra Fria'. Perdoem-me a ligeireza da comparação, mas esta 'espiral da estupidez' tão característica pode ter consequências tão más quanto previsíveis, pelo que resta-nos aguardar que desta vez não haja precipitações. Nem EUA nem Rússia estão capazes de se enfrentarem bélicamente, pelo que qualquer confronto dessa natureza seria um desastre militar de proporções épicas.<br /><br />Mas ainda existe outra questão: qual a posição de Barack Obama sobre o assunto? Afinal de contas, não vai ser Bush a resolver esta situação, pelo que é totalmente natural que Medvedev (e a Europa) queira saber com quem irá lidar no futuro. Pode ser que estejamos a assistir a uma estratégia clássica, muito <em>URSS, </em>cuja principal finalidade é estudar o adversário e ver até onde podem 'esticar a corda'. Os Russos fizeram-no com JFK, porque não com o seu 'herdeiro' político?<br /><br />Pode parecer simplista mas este posicionamento da Rússia não é recente. Pelo menos desde 1998 que os principais think tanks de Moscovo fazem a leitura (correcta) de que os EUA estão a rodear a Rússia, e estão de tal forma próximo das suas fronteiras que Moscovo terá de reagir. Nas três fronteiras da Rússia (Este, Sul, e Oeste), os EUA têm instalações militares em duas delas (Sul e Oeste). <a href="http://www.cfr.org/publication/17044/russias_security_ties_in_asia.html?breadcrumb=%2Fregion%2F323%2Feurope">A Este </a>está a China, que já <a href="http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1340809">disse em Duchambé </a>que “apoiam o papel activo da Rússia nas operações de paz e de cooperação na região”. Com a presença de forças militares/sistemas de defesa anti-missil muito próximo das suas fronteiras e o desmembrar sistemático do seu sistema de influências político-diplomáticas não admira muito que estejamos a assistir neste momento, no Mar Negro, a <a href="http://dn.sapo.pt/2008/08/28/internacional/russia_tenta_atrair_a_china_para_blo.html">operações anti-tráfico de droga com um cruzador e assistência humanitária com <em>destroyers.</em></a><br /><br />O Sebastião tem razão, um erro não justifica o outro. Esperemos que Washington e Moscovo estejam conscientes do caminho que estão prestes a trilhar.</div>Niccolohttp://www.blogger.com/profile/00381897096379347654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-2601668425112547182008-08-27T19:50:00.015+01:002008-08-28T12:37:48.547+01:00a Rússia...<div align="justify">- a Rússia já não é a URSS (às vezes são os próprios russos que se 'esquecem');<br />- a Rússia não tem a capacidade militar que a URSS tinha (7 vezes inferior à dos EUA). A China tem mais...<br />- a Rússia continua a precisar de acesso a mares 'quentes' (cuja água esteja descongelada uma boa parte do ano), o eterno objectivo geoestratégico da potência continental...<br />- a Rússia não tem capacidade militar suficiente pelo que optou por criar em seu redor um <a href="http://www.sectsco.org/home.asp?LanguageID=2">grupo de segurança colectiva que lhe permita manter a influência geopolítica sobre os seus vizinhos... e como contra-peso da influência norte-americana...<br /></a>- a Rússia, embora se encontre bastante melhor em termos financeiros (com a alta nos preços do petróleo/gás a preços elevados), não dispõe de uma economia sólida, equilibrada e forte que lhe permita 'sonhar' com 'aventuras' proto-militares... com a agravante de um dia ver o preço do crude descer de tal forma que a GAZPROM começará a não ter dinheiro suficiente para pagar novos investimentos e ao mesmo tempo manter os existentes.<br />- a Rússia não se pode dar ao luxo de actuar unilateralmente (como os EUA). Deve sempre (e isto é que é complicado para o político russo do Sec. XXI) dar a ideia de que são multilaterais e que respeitam o Direito Internacional... A forma perderam os <em>media</em> neste conflito com a Geórgia é sintomático do pouco calculo que os russos fazem sobre a forma como lidam com a Imprensa...<br />- a Russia está a experimentar o seu novo líder e Medvedev já deu provas daquilo que em tempos afirmou o actual PM russo... <a href="http://www.cfr.org/publication/16910/">Medvedev não é uma versão mais 'ligeira' de Putin</a>...<br /><br />Claro que de todas as considerações possíveis, é generalizado o sentimento de que o Ocidente e a Rússia precisam um do outro, dependem um do outro para a concretização dos seus objectivos mediatos e imediatos. Daí que não esteja muito preocupado com os comentários lançados por analistas catastrofistas e deterministas de que estará próximo uma nova 'Guerra Fria'. As condições que levaram aos mais de 40 anos de confronto ideológico já não são as mesmas para a Rússia, mas também não são para os EUA... </div><div align="justify"></div><div align="justify">...não é por Medvedev vir dizer que 'não tem medo'...</div>Niccolohttp://www.blogger.com/profile/00381897096379347654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-18252884047930261862008-08-26T15:11:00.003+01:002008-08-26T15:45:54.395+01:00Um tiro no péA Rússia reconheceu a independência da Abcázia e da Ossétia do Sul - ver <a href="http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1340537&idCanal=11">aqui</a>. Esta decisão, para alguns expectável depois da votação unânime na Duma, parece-me um tremendo erro por parte da Rússia, que, assim, se arrisca a pôr em causa os ganhos estratégicos que conquistou até agora e a alienar por completo grande parte dos países Ocidentais.<br />Depois do erro clamoroso que foi a independência do Kosovo, Moscovo ganhou alguma "superioridade moral". Independentemente dos seus interesses nacionais, que foram o que justificaram a sua posição, a Rússia apareceu como um dos poucos países para quem o Direito Internacional ainda ditava alguma coisa. Agora esse capital esfumou-se por completo.<br />Esta decisão de Moscovo garante, é certo, o fim da integridade territorial georgiana, mas abre uma perigosíssima Caixa de Pandora, como o Niccolo já aqui referiu, que poderá pôr em causa aquilo que a Rússia conseguiu evitar com o fim da URSS - o revisionismo das fronteiras no espaço pós-soviético.<br />Acresce que o argumento utilizado pela Rússia, e cuja expressão concreta até agora foi a resposta ao ataque georgiano, arrisca-se agora a substituir o princípio sacrossanto da integridade territorial. Este foi agora substituído, efectivamente, por um outro - o da protecção de cidadãos russos onde quer que eles estejam (leia-se, no futuro próximo, Ucrânia). Com a agressão da Geórgia à Ossétia do Sul a Rússia pôde esgrimir este argumento com um relativo à-vontade: as acções de Tiblissi eram um argumento auto-suficiente para a resposta de Moscovo e aquele outro, de protecção dos cidadãos russos, era apenas utilizado como argumento supletivo. Ora, com este reconhecimento, a justificação russa para o reconhecimento da independência da Abcázia e da Ossétia do Sul, ganha uma força tal que se sobrepõe ao princípio da integridade territorial.<br />Duvido que Moscovo não tenha ponderado o efeito deste passo no seu próprio território - nomeadamente na Tchetchénia e no Daguestão. Fê-lo certamente e concluiu que os benefícios superam os custos.<br />Quanto à reacção dos países ocidentais, que reconheceram a independência do Kosovo sempre argumentando que esta não constituía qualquer precedente, estes não vão assistir impávidos e serenos a este desenvolvimento. O seu relacionamento com Moscovo vai sofrer um sério revés e, confesso, outra coisa não seria de esperar. Este passo é perigoso - tanto quanto o do Kosovo. Mas um erro não justifica outro.Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-49923060481678107022008-08-25T16:40:00.003+01:002008-08-25T17:08:02.191+01:00De que é que estavam à espera?Agora que a poeira começa a assentar em torno da crise na Geórgia partilho aqui algumas reflexões sobre o que se passou e sobre as consequências deste episódio no futuro da estrutura securitária do eixo euro-atlântico.<br /><br />1) A primeira pergunta que me vem à mente no meio de tudo o que se passou é: de que é que a Geórgia estava à espera? Nos últimos tempos, principalmente desde o ano passado, que a Rússia vem dando sinais cada vez mais explícitos de que aquilo que foi tradicionalmente o seu back-yard o continuará a ser durante muitos anos, não aceitando Moscovo que este passe a esfera de influência do Ocidente. Ao atacar a Ossétia do Sul, em violação dos acordos de cessar-fogo, a Geórgia "descongelou" este conflito e forneceu um pretexto único, de que Moscovo estava certamente à espera, dada a prontidão da resposta, para que a Rússia destruísse o incipiente aparelho militar (que vinha sendo, segundo relatos vários, significativamente melhorado com a ajuda dos EUA), as infra-estruturas e a economia da Geórgia.<br /><br />2) A reacção da Rússia foi certamente desproporcionada face aos ataques georgianos. Mas Moscovo não perderia certamente a oportunidade única que lhe foi oferecida de bandeja pelo Presidente georgiano, cuja ingenuidade, se não fosse trágica, seria certamente cómica.<br /><br />3) De facto, estaria Tiblissi à espera que os EUA, ou qualquer outro dos países que, a meu ver irresponsavelmente, apoiaram a sua adesão à NATO, fosse a seu socorro militarmente? Um país envolvido numa guerra de guerrilha no Afeganistão e outra no Iraque, iria, na mente do Presidente Saakashvili, entrar em conflito com a Rússia?<br /><br />4) Este jogo de "name and shame" não pode deixar de fora os EUA. A Administração Bush foi inepta, irresponsável e ambígua. Prometeu aos georgianos a entrada na NATO, ajudou-os a armarem-se, comprometeu-se publicamente a defender a sua integridade territorial, enquanto, nos bastidores, enviava tímidas mensagens (pelo que se lê nos jornais) de contenção e de aviso sobre aquilo que Moscovo estava a fazer (v.g. aumento das relações económicas com a Abcázia e a Ossétia do Sul) e que não era mais do que uma armadilha em que Tiblissi não deveria cair. Inconscientemente, Tiblissi deveria saber que o apoio de Washington não seria tão incondicional quanto alguns poderiam crer, já que, como alguém escrevia no Washington Post, Tiblissi preferiu pediu perdão depois do que pedir permissão antes.<br /><br />Face a este cenário, o que esperar no futuro? A meu ver, as consequências são relativamente lineares:<br /><br />1) A Rússia atingiu os seus objectivos. Destruiu a Geórgia e logrou criar uma situação face à qual manterá em território georgiano, durante muitos e bons anos, o seu exército. Moscovo não quer a independência da Abcázia e da Ossétia do Sul (o tão propagado precedente do Kosovo é um mero recurso estilístico e as resoluções aprovadas na Duma a defenderem o reconhecimento dessa independência não passarão do Kremlin). O que Moscovo quer é ter lá tropas, é manter o conflito congelado e a Geórgia amputada.<br /><br />2) Com este conflito, a Rússia chamou o bluff do Ocidente e dos EUA em particular. Aqueles que garantiriam a integridade territorial da Geórgia não fizeram mais do que apelar a um cessar-fogo (numa rara demonstração de bom senso). Moscovo está agora certa de que pode fazer o que bem entender na sua vizinhança que dificilmente alguém, em Washington ou Londres, quererá entrar em guerra por causa de Tiblissi.<br /><br />3) A Geórgia (e a Ucrânia) não vão entrar na NATO. Quem pensou que os afrontos feitos a Moscovo na década de 1990 (em que num dia se dizia que a NATO não se iria alargar a Leste e em que, noutro, se acolhiam os Estados Bálticos no North Atlantic Council) se poderiam repetir desengane-se. Moscovo não o vai tolerar e deixou-o bem claro. A Ucrânia deve agora, em bom português, pôr-se a pau e pensar bem se quer manter a posição de recusa à continuação da frota russa no porto da Crimeia. O argumentário russo, nesta crise, foi "há russos na Ossétia e é nossa função e dever protegê-los". Não é sequer necessário invocar números para sabermos que a Ucrânia está dividida em dois, entre russos e ucranianos, e todos sabemos para que lado pende a Crimeia.<br /><br />4) Sarkozy foi dos poucos dirigentes europeus que esteve bem. Não entrou publicamente a matar, culpando uns e outros. Assumiu uma posição conciliatória, apelando a um cessar-fogo e negociando-o rápida e eficazmente. Se a UE quer manter alguma credibilidade nesta crise e no futuro que se avizinha, sugere-se que o bom senso impere e que se evitem rumos de acção mais voluntaristas.<br /><br />5) A carreira de Saakashvili está acabada. O apoio dos EUA vai ter um fim próximo e o rumo de aproximação da Geórgia à UE vai ser mais difícil. Apoiar-se-á certamente a reconstrução do país e conceder-se-ão, eventualmente, algumas benesses, mas a União não vai querer no seu seio um país comandado por gente desta laia.<br /><br />Bottom-line: Moscow is back.Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-15456198139408074212008-08-20T12:20:00.009+01:002008-08-20T12:41:58.666+01:00Kosovo, Ossétias e PandoraNum há direito, noutro... não há direito!<br />Num temos um opressor, noutro... temos um <span>arauto <span>(se é que se pode chamar Mikhail Saakashvili um arauto).<br /></span></span><br />Mas não foram os russos <a href="http://www.globalsecurity.org/military/world/war/south-ossetia-1.htm">quem abriu a caixa</a>!Niccolohttp://www.blogger.com/profile/00381897096379347654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-31868147874332010142008-07-21T11:29:00.004+01:002008-07-21T11:42:50.965+01:00De volta aos EUADepois de algum tempo sem me referir à campanha presidencial dos EUA, eis que volto ao tema numa altura em que a aura de invencibilidade de Obama se começa a desvanecer. O primeiro sinal de que a sua vitória em Novembro não será um passeio no parque veio das reacções à capa da última "New Yorker", revista liberal (isto é, de esquerda nos EUA) que certamente apoia Obama, mas que se dirige a um público ínfimo, capaz de perceber sátira política, e não à generalidade dos americanos que viram no cartoon de Obama vestido de muçulmano, a celebrar o <em>black power</em> com a sua mulher enquanto uma bandeira dos EUA ardia na fogueira, uma reflexão das suas próprias preocupações em relação ao candidato.<br /><br />Mais preocupante do que isto, contudo, é a acusação, agora generalizada, de que Obama se vendeu. Traiu o seu eleitorado de esquerda, fiel e entusiasta, que lhe assegurou a vitória nas primárias, e aproxima-se agora do centro político (de que McCain se está a afastar para conquistar o eleitorado de direita que garantiu aos republicanos todas as suas vitórias desde Reagan). Este limar de posições (penso que não se pode falar de <em>flip-flop</em> como alguns comentadores têm dito) é normal em qualquer campanha e a maioria dos norte-americanos não se espanta, por exemplo, quando McCain recua no seu apoio à legislação que possibilitaria a legalização de imigrantes ilegais. Mas quando Obama o faz cai o Carmo e a Trindade. E cai porque a sua campanha sempre assentou numa mensagem de mudança, de não submissão à <em>Washington-politics</em> e de afastamento do sistema. Agora que se vê que ele é um candidato como outro qualquer - que prefere o dinheiro dos privados ao financiamento público, que começa a perceber que retirar todas as tropas do Iraque em 16 meses sem qualquer tipo de concessão é impossível, que apoia a pena de morte, que defende o direito dos americanos usarem armas - os seus apoiantes entuasiastas começam a afastar-se, fazendo a sua campanha ressentir-se, e os novos eleitores desconfiam da sua credibilidade e honestidade.<br />Nenhum destes sinais é positivo. E as sondagens começam a demonstrá-lo.Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-87324119425404855062008-07-14T10:36:00.002+01:002008-07-15T10:31:05.315+01:00Justiça internacionalJá aqui expus a minha opinião sobre os Tribunais Penais Internacionais e os seus méritos na pacificação de sociedades muitas vezes devastadas por décadas de conflitos internos. Como então disse (ver <a href="http://oconsertodasnacoes.blogspot.com/2008/01/entretanto-na-haia.html">aqui</a>) tenho dúvidas sobre se não serão as Comissões de Reconciliação Nacional, que fizeram o seu caminho em países como a África do Sul, um melhor caminho a seguir.<br /><br />Surgem estas reflexões a propósito da acusação pelo TPI do actual Presidente do Sudão por crimes de guerra e outras preciosidades. Eu, pessoalmente, não tenho quaisquer dúvidas que o senhor (e isto já é um <em>overstatement</em>) é um facínora da pior espécie. Mas essa não é a principal questão. O que importa agora estabelecer é se essa acusação, com todas as consequências políticas que terá, servirá o propósito, que será também o do TPI, de permitir a reconciliação nacional no Sudão e a efectiva implementação de um processo de paz. Tenho muitas dúvidas de que assim seja, tanto que as Nações Unidas já anunciaram que, temendo as cenas que se seguem, retirarão do país todo "o pessoal não essencial".<br /><br />Neste mesmo dia, é apresentado aos Presidentes da Indonésia e de Timor-Leste um relatório de uma Comissão conjunta estabelecida para averiguar responsabilidades no período pré e pós-referendo de 1999. A culpa é largamente atribuída ao exército indonésio, mas ambos os Presidentes já vieram a público dizer que não pensam que o objectivo de pacificar a sociedade timorense (e a indonésia, já agora) seja atingido através de acusações criminais. Conhecendo Timor e lembrando-me dos recentes episódios de violência entre timorenses não me espanta que isto possa ser verdade.Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-1514744692890722892008-07-07T11:38:00.002+01:002008-07-07T11:50:18.509+01:00BrasilUma das consequências políticas mais relatadas da recente libertação de Ingrid Betancourt das mãos das FARC foi a vitória da estratégia brasileira sobre a que tinha vindo a ser seguida pelo regime populista de Chavez. De facto, Lula da Silva não sucumbiu à fácil tentação de apelar a negociações com um grupo terrorista, nunca o seu país financiou aquele grupo nem a elite política brasileira nutria qualquer tipo de admiração expressiva pela "guerrilha marxista" (uma expressão pomposa para quem hoje em dia não se dedica a outra coisa que não o tráfico de droga). Um cenário, portanto, completamente oposto àquele que se vivia, e ainda hoje vive, na Venezuela: Chavez admirava as FARC, compreendia os seus princípios, entendia como forma legítima de os defender o uso da força e apoiava financeira e politicamente os seus dirigentes. Tudo coerente, portanto, com a sua própria ideologia política, mas, <em>et pour cause</em>, altamente lesivo para os interesses da Venezuela, agora subjugados a uma política externa errática, sem rumo e cuja única motivação parece ser a de fazer o que quer que seja que possa ser visto como uma afronta ao "Império".<br />A este propósito, e sobre a subtil e pacífica ascensão política do Brasil e a muito publicitada queda da Venezuela, leia-se <a href="http://www.iht.com/articles/2008/07/07/america/07brazil.php">isto</a>.Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-48831117835536433542008-07-04T11:06:00.003+01:002008-07-04T11:14:29.647+01:00O primeiro teste de MedvedevO Ocidente decidiu dar, e bem, uma oportunidade ao novo Presidente russo. As suas prioridades em matéria de política externa não diferem muito das de Putin, pelo contrário, mas a maneira como estas são enunciadas e defendidas é claramente diferente. O estilo é outro e em relações internacionais interessa tanto aquilo que se diz como a forma como se diz.<br />Hoje o Presidente Medvedev poderá estar perante o seu primeiro grande teste. A Geórgia atacou a Ossétia do Sul, respondendo, alega Tiblissi, a um ataque a um <em>checkpoint </em>(<em>vide </em><a href="http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7489199.stm">aqui</a>) Ora, é conhecido o apoio russo às regiões separatistas da Geórgia, onde mantém supostas forças de manutenção de paz. A reacção da Rússia a estes acontecimentos (depois de ter enviado reforços militares para a Abcázia na sequência da decisão da NATO na Cimeira de Bucareste de admitir ponderar no futuro a adesão da Geórgia à Aliança) determinará certamente se a boa-vontade até aqui demonstrada pelo Ocidente tem razão de ser ou se se vai esfumar dentro de momentos.<br />Uma situação a acompanhar...Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-39691345635486757982008-06-13T14:06:00.002+01:002008-06-13T14:16:46.257+01:00Au! Ai! Ui!E agora?<br /><br />Quem me dizia que os referendos sobre política externa não valem o papel que neles se gasta tinah razão; continuo a não ver motivos para sujeitar este género de decisões à consulta popular - e não, não tem a ver com achar que ninguém está preparado para, consciência, analisar o Tratado; tem a ver com a dificuldade crescente de firmar qualquer espécie de acordo com os Governos de certos países, uma vez que as suas decisões em política externa vão ser julgadas à luz da qualidade do saneamento básico ou das estradas municipais.<br /><br />Se calhar vão tirar-nos o Tratado de Lisboa. Já não está a ser porreiro, pá. Por mim, espera-se até que os eleitores irlandeses digam que sim. Marque-se novo referendo para o dia seguinte ao Dia de São Patrício, ou coisa parecida.<br /><br />Que treta. Chamar "de Lisboa" a qualquer iniciativa europeia vai passar a ter um mau karma, se nos lembrarmos da Estratégia. Sinto-me, de certo modo, vingado; sempre fui a favor de um tratado com nome impronunciável, como Carvalhelhos ou São Gens. Isso sim, ter-nos-ia levado longe.<br /><br />Para poupar tempo na leitura da imprensa:<br /><br /><a href="http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1332208&idCanal=11">http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1332208&idCanal=11</a> - Público<br /><a href="http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/europe/article4128055.ece">http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/europe/article4128055.ece</a> - Times Online<br /><a href="http://www.elpais.com/articulo/internacional/primeros/resultados/apuntan/rechazo/Irlanda/Tratado/Lisboa/elpepuint/20080613elpepuint_13/Tes">http://www.elpais.com/articulo/internacional/primeros/resultados/apuntan/rechazo/Irlanda/Tratado/Lisboa/elpepuint/20080613elpepuint_13/Tes</a><br />El PaísOttohttp://www.blogger.com/profile/07498783504054220252noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-21822448647364994922008-06-05T14:34:00.002+01:002008-06-05T14:43:56.405+01:00E acabou...Já é oficial: Hillary Clinton vai anunciar no sábado que desiste da corrida à nomeação democrata, aproveitando o ensejo para manifestar o seu apoio a Obama...<br /><br />Depois da campanha que também se fez aqui no <em>blog</em>, os parabéns são devidos não apenas a Obambi (como os republicanos agora lhe chamam - e que terá de concorrer contra McBush, como os democratas gostam de chamar a McCain), mas também ao Otto.<br /><br />Pela minha parte, continuo a achar que Hillary seria uma melhor opção, mas rendo-me às evidências e só espero, agora, que Obama ganhe em Novembro. Se tal acontecer, não tanto por ser ele, mas, acima de tudo, por não ser um republicano, haverá, automaticamente, uma melhoria significativa da imagem externa dos EUA (e a percepção conta muito em relações internacionais). Outras coisas, espero, lhe seguirão: um afastamento das teorias unilateralistas; um regresso, enquanto interveniente activo, a vários <em>fora</em> multilaterais (abandonando o estatuto oficioso de observador que tem assumido nos últimos 8 anos); um maior empenho nas questões climáticas; uma revisão sensata da questão do envolvimento no Iraque (que não irá, certamente, corresponder às ideias radicais de retirada imediata que Obama agora propõe); um envolvimento <em>ab initio</em> no conflito israelo-palestiniano (e não reservado apenas para o final da Presidência - como Clinton e Bush fizeram), entre tantas outras coisas em que os EUA não só são precisos, mas são fundamentais.Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7840610286475410328.post-9115354585039265492008-05-29T13:00:00.003+01:002008-05-29T13:06:52.730+01:00Why we love the StatesNão será se calhar o melhor e mais memorável <em>post</em>, mas não resisti... Esta pequena <em>blague</em> ilustra bem a grandeza dos EUA:<br /><br />Why did the chicken cross the road?<br /><br />BARACK OBAMA:The chicken crossed the road because it was time for a CHANGE! The chicken wanted CHANGE!<br /><br />JOHN McCAIN:My friends, that chicken crossed the road because he recognized the need to engage in cooperation and dialogue with all the chickens on the other side of the road.<br /><br />HILLARY CLINTON:When I was First Lady, I personally helped that little chicken to cross the road. This experience makes me uniquely qualified to ensure -- right from Day One! -- that every chicken in this country gets the chance it deserves to cross the road. But then, this really isn't about me.......<br /><br />OPRAH:Well, I understand that the chicken is having problems, which is why he wants to cross this road so bad. So instead of having the chicken learn from his mistakes and take falls, which is a part of life, I'm going to give this chicken a car so that he can just drive across the road and not live his life like the rest of the chickens.<br /><br />GEORGE W. BUSH:We don't really care why the chicken crossed the road. We just want to know if the chicken is on our side of the road, or not. The chicken is either against us, or for us. There is no middle ground here.<br /><br />COLIN POWELL:Now to the left of the screen, you can clearly see the satellite image of the chicken crossing the road...<br /><br />JOHN KERRY: Although I voted to let the chicken cross the road, I am now against it! It was the wrong road to cross, and I was misled about the chicken's intentions. I am not for it now, and will remain against it.<br /><br />MARTHA STEWART:No one called me to warn me which way that chicken was going. I had a standing order at the Farmer's Market to sell my eggs when the price dropped to a certain level. No little bird gave me any insider information.<br /><br />JERRY FALWELL:Because the chicken was gay! Can't you people see the plain truth?' That's why they call it the 'other side.' Yes, my friends, that chicken is gay. And if you eat that chicken, you will become gay too. I say we boycott all chickens until we sort out this abomination that the liberal media white washes with seemingly harmless phrases like 'the other side. That chicken should not be crossing the road. It's as plain and as simple as that.<br /><br />BILL GATES:I have just released e-Chicken2007, which will not only cross roads, but will lay eggs, file your important documents, and balance your check book. Internet Explorer is an integral part of the Chicken. This new platform is much more stable and will never cra...#@&&^(C% ..reboot.<br /><br />BILL CLINTON:I did not cross the road with THAT chicken. What is your definition of chicken?AL GORE:I invented the chicken!<br /><br />DICK CHENEY:Where's my gun?<br /><br />AL SHARPTON:Why are all the chickens white? We need some black chickens!<br /><br />PAUL KAGAME:The French pushed the chicken to the other side of the road. Fortunately we all know what the French are up to.Sebastiãohttp://www.blogger.com/profile/15752136549672570859noreply@blogger.com0