quarta-feira, 30 de abril de 2008

De volta à vaca fria

Esperávamos, aqui no blog, que a Pensilvânia fosse decisiva e permitisse encerrar, de vez, a campanha democrata. Não foi o que aconteceu, infelizmente. Daí o (anormalmente) longo período entre as eleições primárias e o primeiro post sobre o seu resultado.

Clinton ganhou por 10% dos votos, conseguindo, assim, alcançar a que era considerada pela generalidade dos media norte-americanos como a marca mínima para se manter na campanha.
Mais do que a vitória de Clinton, já previsível, o interessante é que parece que a maré está de facto a mudar. Obama saiu muito fragilizado da Pensilvânia e não parece que, desde então, tenha conseguido recuperar o tão falado momentum. A crise económica está aí e as pessoas parecem cada vez menos dispostas a entregarem o país a alguém tido por inexperiente. Por outro lado, a questão da raça tem jogado um importante papel, contrariamente ao que todos desejaríamos. Nas sondagens à boca das urnas são muitos os eleitores sem pejo em admitir que, apesar de votarem Obama agora, não o fariam numa eleição geral. Finalmente, os comentários do Reverendo Wright não ajudam nada à credibilização de Obama.

Por tudo isto, Clinton está agora mais segura. As sondagens indicam-na agora como a candidata democrata mais preparada para vencer McCain e as próximas eleições no Indiana e na Carolina do Norte podem, essas sim, vir a ser decisivas.
A este propósito, não resisto a partilhar esta pequena pérola, de que o Otto me falou e que é, agora, ainda mais actual.



quinta-feira, 24 de abril de 2008

Unidade europeia

O Parlamento Europeu aprovou um relatório em que critica duramente os Estados-membros que aceitaram assinar acordos bilaterais com os EUA relativos à troca de dados dos passageiros aéreos em troca da respectiva admissão no programa norte-americano de supressão de vistos. Nada de mal haveria nestes acordos se:

1) esta não fosse uma competência comunitária (não a relativa aos vistos, que continua a ser matéria reservada a cada Estado, mas sim a que diz respeito à troca de informação dos passageiros - e esta faz sentido que seja comunitária, até porque um português (Portugal não assinou nenhum acordo do género) que embarque em Praga (a República Checa assinou) para os EUA verá todos os seus dados transmitidos a Washington, enquanto que se partisse de Lisboa isso não acontecia. Acresce que os dados transmitidos são, no mínimo, invasivos - desde de todo o historial de viagens, ao número do cartão de crédito, passando por eventuais exigências alimentares expressas pelos passageiros;


2) a assinatura destes acordos não relevasse uma das mais típicas características dos novos Estados-membros da UE e que justifica que ainda utilizemos esta designação: o extremo voluntarismo com que se socorreram dos princípios da unidade e solidariedade europeias quando tal lhes convém (v.g. quando têm de lidar com certos vizinhos), mas também a facilidade com que os ignoram quando pensam que isso os favorece (é o caso dos ditos acordos);


3) finalmente, nada haveria de mal nestes acordos se eles não contribuíssem para igualmente demonstrar o sucesso das políticas externas de muitos países terceiros à UE, nomeadamente Rússia e EUA, que apostam, quando tal lhes convém, nas suas relações bilaterais com Estados membros individuais, ignorando o conjunto da União. E o triste é que conseguem...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Is Obama too cool to win?

E finalmente, alguém põe o dedo na ferida: o Obama está demasiado «lá» para ser o candidato ideal. Duas análises muito interessantes e, como não podia deixar de ser, bem escritas, no Times Online:



As primárias da Pensilvânia são amanhã, e aí, espero em Deus, poderemos deixar em paz os nossos leitores. Haverá fumo branco (alimentado, anseio, pelo material de campanha de uma candidata que não nomeio). Mas talvez não, talvez não, e quem fará a festa é o Sebastião.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Nós de olhos postos no Mundo!

Porque às vezes nos custa perceber o que se passa no Mundo, decidimos publicar a título permanente, o link para um mapa interactivo, actualizado a cada 5 minutos, contendo breve informação sobre os principais incidentes com interesse para a comunidade internacional.

Claro que está que, como todos os projectos deste género, faltam algumas informações relativas a determinados países - o que poderia levar-nos a pensar que não se passa nada nesses países...

Uma vez que a maior parte destes incidentes são registados através de informação publica e livre, torna-se indispensável haver liberdade de expressão e informação para o mapa interactivo funcionar em pleno.

Limitações àparte, o mapa está suficientemente completo para termos um panorama geral do (mau) estado do Globo!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Entretanto, em Itália...

Berlusconi ganhou, com uma maioria maior do que aquela que ele próprio esperaria e o circo já começou: o Governo espanhol é demasiado cor-de-rosa e em Itália o novo executivo não poderá ser tão paritário, já que lá a política é coisa de homens - Berlusconi dixit.

Note-se ainda que a maioria de Berlusconi é, em grande medida, função do crescimento eleitoral do Liga do Norte - partido do nada recomendável Sr. Bossi. A este propósito, aqui está um cartaz elucidativo (que diz qualquer coisa como: eles também aceitaram a imigração e agora vivem em reservas!!!!). Comentários para quê?


segunda-feira, 14 de abril de 2008

Este post não é sobre política externa (II)

O Conserto das Nações coloca-se indiscutivelmente à frente no panorama bloguístico nacional com este passo de gigante: quais eleições no Zimbabué, qual atribulado percurso da tocha olímpica, quais biocombustíveis, qual queda de Fidel Castro e democratização de Cuba! Disso já falámos aqui. Disto é que não.

E não, leitor, não nos agradeça. Estamos todos na linha da frente da modernidade, e só com um ano de atraso. Para um país que se queixa há séculos de estar décadas atrás de todos os demais, reconheça-se que não estamos assim tão mal, pelo menos no que toca às expressões culturais e recreativas globais.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Pode haver banho de sangue no Zimbabwe...

A julgar pelas informações do The Zimbabwe Times (http://thezimbabwetimes.com/page890.htm), Mugabe prepara a ultima ronda das presidenciais com algum esmero...
O periódico de Harare até publica os nomes dos 200 capatazes de Mugabe que foram enviados aos 4 cantos do país. Receio que o homem não saiba como sair de uma situação que o ultrapassa e da qual não pode sair por cima...

Manifestações Olímpicas

Sou provavelmente dos poucos seres humanos que considera uma covardia esta onda de protestos em torno dos Jogos Olímpicos na China. Concordo, o Tibete aos Tibetanos, mas discordo na necessidade de transformar a volta ao mundo do facho olímpico numa feira de protestos (a ver quem protesta mais veementemente contra a política chinesa para o Tibete).

Quando os JO são usados para manipulação política (munique '72) a coisa corre necessariamente mal... e duvida-se da eficácia dos boicotes (Moscovo '80) como forma de mudar atitudes políticas.

Quem perde é o desporto, são os atletas, são os fãs do desporto e dos ideais olímpicos, que cada vez mais são esquecidos a favor da demagogia barata e fácil. Concordo que se exija à China uma atitude diferente em relação ao Tibete na Assembleia Geral das Nações Unidas. Não concordo que se usem os JO como arma de arremesso político.

E sobre a posição do nosso Presidente da República... considero-a sóbria, digna e honrada. Diz que não vai e pronto.

PS - Creio que o Dalai Lama agradece a 'boa' intenção dos protestos, mas é capaz de concordar comigo...

terça-feira, 1 de abril de 2008

A Aliança II

O Presidente Bush (ele ainda está na Casa Branca, ao contrário daquilo que o circo das primárias poderia fazer crer) apoia firmemente a entrada da Ucrânia na NATO.

E faz muito bem. Ele que apoie firmemente o que quiser até 21 de Janeiro de 2009, não me parece que vá fazer nem grande bem nem grande mossa. Qualquer assunto mais importante vai caber aos senhores que se seguem, Dr. Medvedev and Mr. Putin, por um lado e... venha quem vier, pelo outro.

Seguindo a linha do Sebastião, a Ucrânia está na posição ingrata de ser demasiado importante para ser deixada aos ucranianos. Está na zona de fricção das duas potências da Europa, e qualquer escolha que faça terá consequências, algumas delas imprevisíveis.
Por isso pode ser bom decidir não decidir. Ser «marca», «tampão» ou «terra de ninguém» não é necessariamente mau, especialmente para quem se vê empurrado pelas circunstâncias para uma posição defensiva. Se Kiev tivesse planos de hegemonia, ou mágoas irredentistas, seria mais difícil. Mas assim, talvez haja mais espaço para beneficiar da situação de "amor que não ousa dizer o seu nome" do Ocidente, ao mesmo tempo que não hostiliza abertamente a Rússia.

Equilibrismo, sustos, ansiedade? Com certeza, mas a alternativa, e recente, era ser uma repúpblica socialista soviética, e parece que os ucranianos não têm muitas saudades disso.

Zimbabwe

Ainda não há resultados definitivos e não há futurólogo que nos diga com certeza o que vai acontecer no Zimbabwe. Mas não deixa de haver um fundo de esperança de que as coisas venham a mudar. Só podemos esperar que tal venha de facto a acontecer. A bem do Zimbabwe.