terça-feira, 30 de setembro de 2008

Bailout Plan

O título do post vai buscar inspiração ao plano intervencionista do Governo dos EUA para ajudar aos bancos norte-americanos (e não só) a recuperar da crise financeira. E fá-lo como pretexto para voltarmos, aqui no blog, a um dos nossos temas preferidos: as eleições presidenciais nos EUA.

- Um dos méritos deste plano foi o de demonstrar a vitalidade da democracia norte-americana. O Presidente Bush, que conta tanto que só se sentiu com autoridade para fazer avançar este plano no momento em que Obama e McCain se lhe associaram; a liderança dos partidos democrata e republicano; a quase globalidade dos comentadores económicos; a intelligentzia de Wall-Street;..., todos queriam o plano. Mas não é só o Presidente que vai ser eleito em Novembro. Há membros do Congresso que também vão a votos. E no momento em que muitos eleitores questionam a bondade de um plano que põe em causa os princípios básicos do mercado, em que os americanos são ensinados a acreditar desde o nascimento, os candidatos à reeleição não querem correr riscos desnecessários. E, assim, democracy trumps party-politics...

- Outra virtude do plano foi a de demonstrar a clara incapacidade dos Republicanos em temas económicos. McCain, ao que se diz, não teve qualquer participação construtiva no debate que decorreu na Casa Branca com Bush, Obama, Paulson e outros. Para além disso, deu um golpe baixo de suspensão da campanha, a que Obama, e muito bem, respondeu que um Presidente tem de ser um multi-tasker.

- As sondagens têm mostrado uma subida constante de Obama. Resposta dos Republicanos? Pensam em casar a filha de Palin antes das eleições, marcando a agenda durante uma semana e retirando protagonismo a Obama. Bonito, não é?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Eleições

Estes últimos dias têm sido férteis em actos eleitorais... Senão vejamos:

- Na Bielorrússia realizaram-se, ontem, eleições parlamentares. A OSCE deve dar o seu veredicto sobre a justeza e liberdade do escrutínio esta tarde, mas já se sabe que a oposição não conseguiu eleger nenhum dos seus candidatos(ver aqui). Não é, portanto, de Minsk que chegam quaisquer surpresas. Contudo, este é um acto eleitoral a seguir com atenção, não tanto pelos procedimentos, mas mais pelas consequências. A Rússia quererá, certamente, assegurar-se que Lukachenko não continua a aprofundar uma tímida aproximação ao Ocidente e este, em particular a UE, deverá tentar ler nas entrelinhas do relatório da OSCE uma qualquer mensagem positiva que permita uma também tímida aproximação à "última ditadura da Europa". Real politik oblige...

- Na Áustria a extrema-direita, no seu conjunto, conseguiu quase 30% dos votos (ver aqui). É o regresso de Haider (desta vez noutro partido). Só espero que a UE não ceda ao politicamente correcto, embarcando, como em 2000, num desastroso processo de imposição de sanções diplomáticas. Numa altura em que a democracia não vive, em alguns cantos do mundo, os seus melhores dias, dizer que o sistema só é bom quando elege um dos nossos não parece a melhor solução. Até porque, e pegando na teoria da vacina de Kissinger, que nos é tão próxima, os austríacos poderão aperceber-se, em breve, do enorme erro que é entregar o poder (ou mesmo parte dele) àqueles partidos.

- No Equador o Presidente Correa, amiguito de Chavez e sus muchachos, venceu o referendo à nova Constituição (ver aqui e aqui), que, entre outras pérolas, lhe permite candidatar-se a um outro mandato, dissolver o Congresso nos primeiros três anos do seu mandato (de quatro), abre a porta ao não pagamento da dívida externa e à nacionalização de algumas indústrias. É o socialismo à la América Latina...

Bons tempos, estes!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Um erro arredondado

Ainda sobre a África do Sul e sobre o post imediatamente infra, cumpre informar que o Sr. Jacob Zuma diferiu a assunção do cargo de Presidente da República da África do Sul até às eleições de Abril de 2009. Entretanto fica a segurar as pontas o Sr. Kgalema Motlanthe.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Mudança de liderança

Sopram pelo mundo ventos de mudança. É nos EUA; é na África do Sul, em Israel e no Japão. Até no Largo do Rato. Mas como este Conserto se dedica a olhar para além das fronteiras da ditosa pátria nossa amada, o Sr. Primeiro-Ministro não será objecto das nossas dissecções.

Ainda não nos internámos a trabalhar sobre o novo fôlego das eleições norte-americanas que a Governadora Palin representa e sobre a crise financeira e as suas implicações sobre a política externa prometida por ambos os candidatos. Por uma vez, desviamo-nos um bocado de bombardeamentos e oleodutos e seitas obscuras. Não que o mundo da banca de investimento seja transparente...

Novos chefes de governo na calha:

Tzipi Livni. Boas notícias. Moderada e decidida, a Sr.ª Livni, ex-MNE (o que é quase sempre uma boa credencial) ganhou à tangente as eleições internas no Kadima contra o "falcão" (de vôo baixinho) Saúl Mofaz. Será muito interessante acompanhar as próximas eleições em Israel e ver como lida ela com as múltiplas frentes onde Israel se debate - e a frente interna não é a mais pacífica, atenção.

Taro Aso. Notícias assim-assim. Tem a seu favor gostar muito de banda desenhada e uma queda pronunciada para o politicamente incorrecto, i.e., para a gaffe. Se cometer as gaffes com a panache do ex-PM Koizumi, ainda pode sair-se airosamente. De outro modo, podem cumprir-se os vatícínios de que Taro Aso PM não chega ao Natal. Ainda assim, no Japão a frente interna é a decisiva.

Jacob Zuma. Notícias, no mínimo, preocupantes. Vencedor, nas ruas, de acusações de corrupção e abusos sexuais, o sr. Zuma vence agora o golpe palaciano que leva o Presidente Mbeki a renunciar à posição de Chefe de Estado e de Governo. Não quero ser excessivamente negativo, mas aquilo que se pode esperar do Presidente Zuma não é muito inspirador. Espero estar redondamente enganado.