Há várias razões para que Portugal se incomode, permanentemente, com aquilo que se passa na África do Sul (RAS). A principal é a grande comunidade imigrante a residir no país, numa situação bastante comparável àquela que se fixou na Venezuela:
1 - A grande maioria dos portugueses na RAS pertencem à classe média, sendo proprietários de pequenas e médias superfícies comerciais, o que faz deles um bem «saqueável»;
2 - A comunidade é alvo de uma mal-disfarçada animosidade das autoridades locais quando é alvo de atentados à vida e/ou à propriedade, por disfrutar de um nível de vida superior ao da média da população e, na RAS, com a agravante da questão racial e da alegada boa relação entre a comunidade e o Apartheid;
3 - São quase todos originários da Madeira!
Isto em termos de política externa de proximidade, digamos assim, algo que, como é natural num país que conta com perto de 5.000.000 de naturais seus por esse mundo além, é - tem de ser! - um eixo determinante na sua posição no e perante o mundo.
Em termos de política externa a outro nível (ando à procura da expressão adequada, que isto de não ter estudado Relações Internacionais merma-nos um bocado o vocabulário), a impressão que dá é que a RAS exerce um protectorado de facto sobre todos os países interiores na sua vizinhança, e até mesmo sobre Moçambique, o que significa que é a potência regional a Sul do Equador, e o único país da região que parece fazer-lhe frente é Angola.
Esta tensão potencial é uma fonte de oportunidades para uma actuação diplomática portuguesa activa que nos permita ganhar/restaurar influência na região, algo que nos conviria muitíssimo, se queremos ser levados a sério como potência média, punching above its weight, blá blá blá.
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