Correndo o risco de fazer este blog parecer-se com "A Capital", quando o seu director assumiu, em 2004, apoiar John Kerry para as eleições presidenciais dos EUA (e assim fazendo, certamente, a campanha de Bush tremer que nem varas verdes), gostaria, aqui, a bem do debate (já que entre consertistas esta posição não é unânime) dizer que gosto de Hillary Clinton. E gostar é o verbo certo. Tenho sempre uma relação emocional com as campanhas políticas. Procuro racionalizá-las, prestar atenção aos programas, pensar nas propostas, mas, at the of the day, chego à conclusão que não basta só isso para fazer uma escolha. O aspecto humano é também muito importante. Também aqui deverei sofrer de alguma limitação, já que Obama ultrapassa largamente Clinton num dos critérios mais aferidos das sondagens: a likebility (em Portugal fazemos sondagens em que se pergunta "Com que candidato gostaria de jantar?"; "A que candidato pediria conselhos de leitura?",... Nos EUA são mais terra-a-terra e englobam tudo nesta categoria tão singular).
Os resultados do Iowa, que tudo indica se irão repetir no New Hampshire (em termos de diferença percentual entre Obama e Clinton, que, ainda assim, deve ficar em segundo lugar), parecem ter também sossegado alguns eleitores indecisos, que, apercebendo-se que um Estado maioritariamente branco e rural, apoiou um candidato negro, se sentem agora mais à vontade para votar em Obama.
Eu, contudo, continuo a preferir Clinton (que ontem até quase chorou, como se pode ver aqui). Acho que é candidata melhor preparada para o lugar, aquela que mais conhece Washington e os seus meandros (o que, sendo por vezes criticado, é certamente uma vantagem no sistema político norte-americano de checks and balances) e a que parece ter uma ideia mais concreta do que quer fazer caso ganhe as eleições. No plano externo, é também a candidata mais articulada, que não parece precisar de assessores a susurrar-lhe o que dizer quando lhe perguntam como lidar com o Irão, o Iraque ou o Paquistão. Por fim, é-me simpática. E por tudo isto (que não pretende ser um manifesto, mas tão somente a passagem a escrito de um estado de alma), se pudesse era nela que votava.
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