No entanto, há que comentar a cerimónia e aquilo que Portugal tem revelado saber fazer bem, trazendo lustro às nossas velhas glórias de esmorecido brilho: certames. Nós somos bons a organizar certames. Sejam eles grandes ou pequenos, se há muita gente em movimento e um acontecimento e se é em Portugal, é garantia quase absoluta de que vai correr bem e vai ficar bonito na fotografia. Foi a Expo 98, foi o Porto 2001, foi o Euro 2004, foram as múltiplas reuniões e conferências da Presidência (faltam aqui coisas, ajudem).
Dirão: "ah, mas e o conteúdo, hã? O conteúdo? O que é que Portugal ganha MESMO com organizar estes acontecimentos? Os portugueses vivem melhor graças a tudo isto?"
E eu diria, se me perguntassem isso, que Portugal ganha aquilo que lhe faz falta em política externa, que é notoriedade e projecção, mesmo que passageira; que o dinheiro gasto é bem gasto, mesmo que não contribua, directamente, para melhorar a vida nos bairros da Pasteleira e em Fornos de Algodres, ou sequer em Odivelas. Este brilhozinho que brevemente cintila no nosso país reflecte-se em todos nós. Menos naqueles que são baços de espírito.
E a Dulce Pontes... mal, mal. Se para os portugueses já é complicado, imagine-se para um estrangeiro, que nunca ouviu sequer um fado, quanto mais a actuação da Dulce. Dulce na rádio - sempre; em frente aos gringos - não. Mas sei de fonte bem informada que foi a última escolha. Caramba, no melhor pano cai a nódoa.
4 comentários:
É quem era a primeira escolha???
A primeira escolha, ouvi dizer, eram os Madredeus, mas foi inviabilizada pela dissolução do grupo; depois seria a Teresa Salgueiro só por si, mas pouca sorte... Acho que se a Dulce Pontes tivesse recusado o José Cid teria tido o seu momento de glória internacional.
Que bem "informado" anda o senhor! Decerto que a coisa não correu bem mas será motivo para a queimar-mos na fogueira? É tão bom dizer mal quando se pode, não é? Um verdadeiro momento de "Glória nacional" sr. Otto, este seu post.
Em boa verdade, não julgo que consiga fazer críticas tão cáusticas, tão ferventes, que queimem os seus alvos. Uma coisa, porém, é certa: n'O Conserto das Nações, sempre que encontrarmos um bom serviço à Pátria, vamos louvá-lo, e os fracassos terão, correspondentemente, o tratamento merecido. Não é aqui, caro(a) Anónimo(a), que vai encontrar miserabilismos ou panos quentes, chagas demasiado comuns quando toca a falar no nosso país e nos nossos compatriotas.
Uma pergunta, caro(a) Anónimo(a), é assim tamanho(a) fã da Dulce Pontes que leve tão a peito estas críticas, em termos infinitamente mais suaves que aqueles que se ouviram no próprio dia? Ou acha que a actuação da Dulce foi, essa sim, um momento de glória nacional?
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