Um remendo curto, porque estou em desterro e não tenho condições para escrever nada de jeito. Alguns dirão que nunca escrevi nada de jeito, mesmo com todas as condições... Enfim.
Este é dos acontecimentos mais graves de 2007, sem margem para dúvida. O Ocidente quis à viva força que o regime paquistanês se aligeirasse, que Musharraf despisse o uniforme, que o Paquistão reencontrasse alguma normalidade democrática. Eu não digo que esteja errado, mas acho sempre esquisita a imagem de generais a despirem as fardas. Adiante.
A morte da Sra. Bhutto é, em boa medida, a morte de Pervez Musharraf. A ditadura paquistanesa encontrava água para se lavar aos olhos da comunidade internacional, e mesmo internamente, por representar um sistema eficaz de oposição ao extremismo islâmico e por ser um aliado dos Ocidentais no Afeganistão.
Um rotundo fracasso, não vos parece? Eis o Paquistão mergulhado em semi-insurreição, o seu governo desacreditado e cadáveres pelas ruas das cidades. A campanha eleitoral já tinha sido o que foi, e agora isto. Não acredito que haja muita boa vontade em Washington, ou onde quer que seja, para com o General de Islamabad, e imagino que se esteja a preparar uma transmissão de poder tranquilo, que não pareça uma demissão, e um exílio razoável para ele. O substituto? Um outro general, alguém de desconhecido no exterior e de reputação sólida entre as Forças Armadas paquistanesas. Alguém que não desiluda as bases do poder, e isso inclui os EUA.
Tudo isto são adivinhas, mas parecem-me adivinhas razoáveis. Se o Paquistão se afundar na anarquia, ou na insurreição concertada, será o terceiro vizinho do Irão a ir abaixo, sem um governo capaz nem ordem interna razoável. É mau para todos, e especialmente mau para o Ocidente. Não há muitas escolhas para além de apoiar qualquer governo forte no Paquistão, com o consequente descrédito para a nossa própria fé na democracia representativa nos países de tradição islâmica.
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