Para os que acreditam que o colapso da URSS e o fim do conflito bipolar significaram o fim da História, os últimos anos têm-se certamente encarregado de os desmentir. Mas hoje, no dia em que o PM checo está em Washington a discutir a instalação de parte do sistema anti-míssil que os EUA querem instalar na Europa para protecção contra os rogue states (eles lêem quase só Irão, eu, não sei porquê, também entrevejo a Rússia), os conceitos áureos da Guerra-fria (GF) voltaram-me à cabeça: corrida de armamentos e dilema de segurança, nomeadamente, eram conceitos que, apesar de não totalmente erradicados do sistema internacional (que não se resume à Europa e aos EUA, recorde-se), eram encarados como anacrónicos se aplicados ao mundo dito Ocidental. Contudo, a crescente assertividade (adoro esta palavra!) da Rússia, as crescentes ameaças do Irão, a absoluta necessidade dos países do Leste Europeu se sentirem a salvo da cobiça de Moscovo, a proeminência dos neo-cons em Washington, entre muitos outros factores, contribuíram para que assistemos, hoje, ao que os nossos pais e avós assistiram durante a GF (e para que isto assim seja não é necessário que os dois lados encarem o problema desta maneira. Se há algo que o dilema de segurança nos ensina é que a percepção de um é suficiente para determinar o comportamento do outro. E um dos lados, sabemo-lo bem, ainda é muito influenciado por estruturas mentais típicas da GF).
Não é definitivamente o fim da História.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
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