A UE julgou poder usar para com a Sérvia da estratégia da vara e da cenoura. A cenoura seria a adesão à UE, a vara a exclusão ou a demora indefinida na adesão. Não incluo aqui os bombardeamentos, porque não quero deixar o tom deste post resvalar para o burlesco.
O preço: o Kosovo. As imagens da guerra da Bósnia, a derrota de 1999, o ridículo de Milosevic, a pressão dos EUA, o facto consumado perante o qual a UE abre os braços e diz "Há alternativa?": eis os motivos de termos muito em breve mais um país do tamanho do distrito de Braga na Europa.
Julgo que tínhamos alternativa - nós, Portugal, pelo menos. Apoiámos a independência de Timor, e há muito no Timor independente de que não nos orgulhamos; mas havia boas razões para acreditar (ainda hoje há, aliás) que aquele pequeno Estado, fruto da descolonização interrompida pela invasão e anexação por uma ditadura genocida, tornar-se-ia em algo melhor do que o país de que se separava. No Kosovo não há fé nenhuma num resultado risonho. Os próprios libertadores da região, pouco tempo depois da boa acção, estavam a braços com as descobertas sobre as actividades da quadrilha que era, e é, o UÇK. Os futuros dirigentes de um Estado-falhado no coração da Europa.
Com isto consegue-se alienar e lançar nos braços da Rússia uma nação milenar, com um espírito nacional forjado no sangue e na guerra, com uma história de ânsia de pertença à Europa sempre frustrada por potências estrangeiras. Ganhamos muito em troca, está visto.
A prova provada de que a queda do Império Bizantino às mãos não só dos Turcos como também de Venezianos e Ocidentais em geral merece estar no pódio das tragédias sofridas pela Europa.
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