O Presidente Sarkozy está em visita oficial aos EUA, tendo ontem discursado no Congresso dos EUA - o mesmo que, em 2003, se recusou a chamar as batatas fritas de french fries e insistiu na denominação "tão-patrióticos-que-nós-somos-que-não-admitimos-que-um-país-que-não-ganha-uma-guerra-há-décadas-dê-nome-a-um-produto-de-que-tanto-nos-orgulhamos" de liberty fries.
Acho esta aproximação uma boa notícia. O Presidente Chirac não era, em termos de política externa, um actor muito recomendável - digo isto não tanto pelo princípio de oposição à guerra do Iraque, mas pela forma como ele foi encarado, defendido e apregoado (a emancipação da Europa face aos ditames do Império). Isto para não falar da associação ao Sr. Putin - um arauto do que de melhor existe no código genético da Europa, como sabemos.
O Sr. Sarkozy, que pessoalmente não me inspira particular simpatia, cedo se apercebeu, contudo, que os EUA são incontornáveis para a Europa, se esta quiser continuar a ter algum relevo internacional. Washington, sublinhe-se, sempre soube isto (a relação não é unívoca, como comummente se pensa).
A visita a Washington e a ovação de pé que recebeu no discurso do Congresso (quando lá foi o Sr. Chirac, ainda antes do Iraque, houve congressistas que recusaram marcar presença), para não falar do seu conteúdo, que me pareceu apropriado (apoio à guerra no Afeganistão, menção clara da posição francesa de oposição a um Irão nuclear e eventual regresso à estrutura militar conjunta da OTAN), são, por isso, boas notícias.
A Europa e os EUA fazem parte de uma comunidade de valores e, por isso, são mais fortes juntas do que separadas. Não significa isto, contudo, que deva haver políticas de mero seguidismo (mais tradicionais neste lado do Atlântico, convenhamos), como alguns, demogogicamente, tentam fazer crer quando se fala numa relação privilegiada entre a Europa e os EUA.
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