Este facto não é, por si só, preocupante. A Bélgica, aparte das tensões separatistas, não é um país muito interessante sequer com este episódio: as instituições funcionam, os transportes públicos continuam a circular e as pessoas a receber no final do mês. Só há um problema com este país: o de, por consenso não escrito, ser o anfitrião de todos os Conselhos Europeus (os formais, que adoptam conclusões, não os informais, como o de Lisboa).
E este é um problema porque, na sequência da aprovação do Tratado de Lisboa, ficou apalavrado que o Conselho Europeu de Dezembro se realizaria excepcionalmente também em Lisboa, depois da assinatura do Tratado nos Jerónimos, para se poupar o ambiente e passar uma mensagem de saudável consciência ecológica da Europa para o resto do mundo. É aqui que começa o problema. Os belgas não querem. E mais, discutem até se poderão vir assinar o Tratado, já que essa não é uma competência típica de um Governo de gestão.
Ora, vamos nós, depois do mais difícil (assegurar o acordo dos 27 quanto ao novo Tratado) deixar que este país nos tire também este momento? Podem considerar-me provinciano, mas gosto de ver Lisboa e Portugal nas bocas do mundo pelos bons motivos. Tal como acho (pecado mortal...) que é bom e útil termos um Presidente da Comissão português. Por maioria de razão, devíamos ter o Tratado de Lisboa seguido de um Conselho Europeu também em Lisboa. Demais a mais, a razão e a consciência pública estão do nosso lado. Esperemos que vinguem sobre os consensos europeus...
3 comentários:
Conhecendo os políticos portugueses como conhecemos, só posso esperar que "amoxem" e que venha tudo para Bruxelas assinar o Tratado. De resto, a birra do Governo Belga de Gestão não poder ir a Lisboa assinar o Tratado pode ser bem real, pois a assinatura de tal documento não lhe compete. Vamos a ver como os meus Governos (Português e Belga) reagirão.
Caro Embaixador,
Difícil essa situação de ter dois Governos. Ou então a melhor de todas, já que se sentirá sempre representado. Eu, como só tenho um, continuo a pensar que Lisboa é "the way to go" (ou "to come" neste caso).
Obrigado pela sua visita.
Caro Sebastião,
Esse é o dilema de ter a dupla nacionalidade, somos estrangeiros nas nossas duas Pátrias!
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