quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Em Espanha também se vota

E as eleições são já no dia 9 de Março. É claro que são importantes para Portugal: a Espanha é a nossa principal fonte de importações, o principal destino das exportações, um mercado cujos altos e baixos se repercutem necessariamente aqui ao lado. Um país com importância significativa na Europa e com quem Portugal tem uma relação... que desafia o vocabulário em muitos planos.

A escolha em Espanha não é particularmente inspiradora: ou o actual primeiro-ministro Zapatero, ou o líder do PP, Mariano Rajoy. O que um é e o outro deixa de ser, importa-me substancialmente pouco. Nada, mesmo. Quero é saber qual deles convém mais a Portugal.

E aqui, é quase inevitável dizer que desta vez é Zapatero. Por dois motivos, um de fundo e outro conjuntural.

O conjuntural é que os últimos 4 anos têm corrido para bem para Portugal, no quadro das relações luso-espanholas. A colaboração nas instâncias comunitárias tem tido resultados positivos para ambos os países, o comércio transfronteiriço incrementa-se, não há os clamores de obstáculos à entrada de empresas portuguesas em Espanha (o que não significa que não existam) e ainda há poucos dias a Convenção de Albufeira, sobre a administração conjunta das bacias hidrográficas dos rios internacionais, foi emendada com resultados favoráveis para Portugal. Este governo do PSOE não é mau para Portugal. Pode continuar.
O de fundo é que o PP não é grande amigo de Portugal. Não é que tenham por bandeira vir por aí abaixo, quais Filipes, tomar conta do nosso cantinho. Não se trata disso. É que o PP tem posto em prática (ou pelo menos foi JM Aznar quem pôs, in illo tempore) o pior dos sentimentos espanhóis em relação a Portugal - a subalternização. Era a questão dos transvases, que Rajoy diz que também fará; as negociações matreiras em Nice (leia-se, por todos, Diplomacia Europeia, do Embaixador F. Seixas da Costa); o mal-parido Secretariado Permanente das Cimeiras Ibero-Americano em Madrid; os obstáculos mal encapotados ao crescimento da EDP, entre outras, em Espanha.

Ou seja, nos tempos do PP no poder, as coisas não corriam tão bem, nem há razão para acreditar que venham a correr melhor. Ler as memórias do ex-PM Aznar esclarecem isso. Dir-me-ão "e o comportamento de Portugal, foi o melhor?" Eu diria que não, e que ultimamente tem melhorado. Mas O Conserto das Nações dedica-se a olhar primeiro para o exterior, ou que espécie de blogue sobre política externa seria este se assim não fosse?

4 comentários:

Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Otto disse...

Obrigado pela participação insistente, Filomeno. Respondo-lhe por partes:

1 - Se entende e ama Portugal, é muita gentileza da sua parte, ainda bem. Mas aqui falo de partidos e de políticas, e menos de indivíduos;

2 - Se bem me lembro dos transvases de que se falava há alguns anos, iam bem além do Ebro; e se agora só se falam destes, nada impede que um dia se venha a considerar aqueles;

3 - Por último - quem mandou a Espanha para «aí»? Se ler o primeiro parágrafo do post, percebe a importância que Espanha tem para Portugal, e que é o motivo do interesse que lhe dedicamos não só neste como noutros posts.