http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/article2670051.ece
Até porque, há uns anos, fez soar trombetas por todo o mundo: os EUA, feros e fiéis praticantes da Realpolitik, dispunham-se a negociar combustível e tecnologia nuclear com a Índia, ao mesmo tempo que martelavam (e ainda martelam) outros países (quem, quem?) por causa dos seus programas nucleares. E porquê? Porque queriam um aliado estratégico contra a China e tinham-no obtido, à custa de subornos nucleares.
Agora, pelos vistos, a maior democracia do mundo, através do jogo político democrático - algo que não se põe em causa - decidiu que os pacta não sunt servanda. Se o Governo indiano fosse para a frente na execução do tratado com os EUA, arriscava-se a eleições antecipadas porque os seus aliados do Partido Comunista Indiano deixariam de apoiá-lo.
E isto porque o PCI não quer que a AIEA inspeccione o programa nuclear indiano. A maior democracia do mundo, etc. etc., agindo soberanamente, rejeita qualquer ingerência nos seus direitos inalienáveis de desenvolver em segredo o seu programa de energia atómica. E o PCI logra uma vitória contra os EUA, ainda para mais gozando de amplo apoio popular.
Grande fracasso para a Administração Bush, algo que não pode deixar de alegrar meio (ou quase todo o) mundo. O desenvolvimento das relações com a Índia, que Washington desejava óptimas, com naturalidade, baseava-se em boa medida no acordo nuclear. Agora é impossível para o Presidente Bush, a um ano de sair da Casa Branca, conseguir resolver isto - mas o/a senhor/a que se segue vai tentar exactamente a mesma coisa, com naturalidade.
E porquê? Porque toda a gente quer aproveitar as janelas de oportunidade para se entender bem com a Índia: EUA, UE, Rússia e mesmo a China. Com a Índia não há problemas económicos ou territoriais prementes, não há muita coisa que impeça, à partida, boas relações. A Índia tem é muito por onde escolher, e poderá escolher o melhor de cada um dos mundos. Os EUA tinham a oferecer-lhe tecnologia e combustível nuclear, a troco de inspecções da AIEA (que talvez nem seriam muito aprofundadas, mas enfim) e ser vista como aliada dos EUA frente à China. Não deu.
Vamos lá ver o que os outros têm a oferecer.
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1 comentário:
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