Venho partilhar um dos meus mais utilizados links dos meus anos de Universidade e que me acompanha em consultas semanais. Trata-se do site do John E. Pike, o http://www.globalsecurity.org/, "the best of the net!" segundo a revista Forbes.
É capaz de ser dos mais completos do género com a vantagem de ser meramente factual. Apresenta factos, dados, análises, sempre com absoluta isenção. Claro que sendo norte-americano, tende a recolher material de interesse estratégico norte-americano.
Mas melhor do que a minha descrição, é ler esta informação sobre uma região que está na berra, mesmo que os jornais nacionais e internacionais (que se repetem uns aos outros, numa orgia auto-fágica de informação) estejam "a leste" do que realmente se passa na região.
http://www.globalsecurity.org/military/world/iraq/kirkuk.htm
e sobre os players em campo... http://www.asianews.it/view.php?l=en&art=6885
e voltar à consulta do site... http://www.globalsecurity.org/military/industry/halliburton.htm
Explorem este site... são horas de diversão e informação!!!!
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Outra chatice...
O Médio Oriente em geral e o Curdistão em particular são uma chatice, uma dor de cabeça. São daqueles temas de que toda a gente fala, mas de que pouca gente percebe. Este post insere-se na primeira categoria, mas hélas...
O PKK, depois de quebrar o último cessar-fogo que unilateralmente declarou, atacou, como se sabe, um conjunto de soldados turcos, matando uns quantos e, assim, criando o ambiente político certo em Ankara para a aprovação de uma resolução parlamentar autorizando o Governo Erdogan a entrar a matar. O PKK refugia-se no Curdistão iraquiano - a única área que beneficiou da invasão norte-americana e que agora regista níveis simpáticos de crescimento e desenvolvimento económicos, aliados a uma relativa prosperidade. Não só pela relativa homogeneidade do território, mas também pela reduzida dependência em relação ao Governo de Bagdade. É aqui que começa a chatice. Esta é ainda maior se considerarmos a perspectiva norte-americana: o Curdistão tem sido apontado como um exemplo a seguir pelas restantes províncias iraquianas e qualquer desestabilização decorrente de uma invasão turca destruiría não só o exemplo, como criaria as necessárias condições para que os curdos espalhados por outros países da região (ver mapa) se sublevassem, apoiando o PKK. O cenário de desunião do início dos anos 90, quando alguns generais curdos lutaram ao lado de Ankara para derrotar o PKK dificilmente se repetiria.
Agora chega a parte da dor de cabeça. Terá a Turquia o direito de fazer o que pretende fazer? Modestamente, acho que sim. Depois dos precedentes criados pelos EUA e admitidos até pelo CSONU, aquando das guerras da Somália e do Afeganistão, um país que tenha sido atacado por uma organização terrorista, que seja protegida e utilize o território de um Estado, pode ser perseguida, atacada, destruída pelo Estado atacado no território do harbouring state. Demais a mais, se os EUA viram no Iraque uma ameaça a milhares de km de distância, que dizer de Ankara que está mesmo ali ao lado.
Os estrategistas militares duvidam que a intervenção ocorra agora, às portas do Inverno. Os diplomatas esperam por uma solução negociada, que dê algum protagonismo ao Governo central de Bagdade e acalme os espíritos de Ankara. Os soldados querem sangue. O povo turco, suspeito, também! Vamos ver o que acontece.
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domingo, 28 de outubro de 2007
Há limites
Este remendo, aviso já, vai roçar os limites do politicamente correcto. Aliás, interpretado de forma mais ou menos lata, até pode arranjar-me complicações com as autoridades deste e e outros países. Vá, coragem.
Este remendo versa a vindoura Cimeira UE-África, e a a maçada que é para a nossa Presidência da UE, que tem dados aqueles frutos que gostamos de ostentar, como a Cimeira UE-Brasil e a assinatura do Tratado, e que até tem servido para projectar uma imagem bastante positiva da nossa terra; a maçada, dizia, que é para a nossa Presidência o regime do Sr. Mugabe ainda existir.
Maça também a insistência asinina dos regimes africanos em alinhar e respaldar com a sua solidariedade o regime bestial (de besta, mesmo) que o referido Sr. instaurou naquele país; não sei se alguém já lhes chamou a atenção para o facto de que associar-se a um regime moribundo pega mal e só demonstra a escassa esperança de vida daqueles que se lhe associam. "Ah, são imperativos de política interna, têm de mostrar-se solidários." A política externa também tem imperativos, e não menos prementes que os internos - têm é de ser tornados bem claros.
Maçam também os Estados-membros que, fora o Reino Unido, dizem que não vêm a uma Cimeira onde haja ditadores. Pois claro, há grilinhos falantes que nos arengam do alto de elevadíssmos padrões civilizacionais. Está tudo dito quanto a esses nossos irmãos comunitários.
Há limites para o grau de desonra que podemos aceitar; é que quem nos atrapalha mais este pequeno êxito de que alimentam as políticas externas dos países (mais) pequenos, é esta gente.
Há também um serviço de informações que poderia dedicar-se, entre outras actividades, a causar acidentes apenas ligeiramente incapacitantes a ditadores execráveis, sem que o Mundo ficasse infinitamente mais pobre por isso. Estarei a exagerar?
Regressando à Terra, desta questiúncula desagradável podemos retirar a conclusão, triste, de que nem Portugal, nem outros intervenientes tradicionais na área (o Reino Unido), nem mesmo a UE enquanto tal tem influência ou poder de dissuasão suficiente para fazer desta Cimeira um êxito, como conviria. Conviria a Portugal, primeiro que tudo, e conviria aos Estados africanos. Não que da Cimeira fossem resultar grandes soluções para os problemas globais, mas como sinal de compromisso e mesmo de respeitabilidade de quem nela participasse.
Ou então a realização da Cimeira só convém mesmo a Portugal, porque quer mais uma estrelinha na constelação da sua Presidência, e há outros que ou não estão nem aí ou que querem organizar a conferência na sua Presidência, enquanto ela é rotativa. Talvez não seja a Eslovénia, no entanto.
Por último, resta-me aplaudir (sinceramente) a coragem do nosso Executivo ao planear a Cimeira. Foi uma aposta, e ainda vai a tempo de correr bem, mas pode muito bem dar para o torto. Acredito que, ao planear a Presidência, tenham pensado "em Dezembro de 2007 o homem ou já morreu ou o regime caiu". E teriam fundamento para acreditar nisso. Mas não. O regime arrasta-se, entre decretos a cortar a inflação para metade (para uns 4000% ao ano) e entre ajustes de contas tribais. Quanto mais escrevo mais me convenço de que há limites. Esperemos pelo melhor.
Este remendo versa a vindoura Cimeira UE-África, e a a maçada que é para a nossa Presidência da UE, que tem dados aqueles frutos que gostamos de ostentar, como a Cimeira UE-Brasil e a assinatura do Tratado, e que até tem servido para projectar uma imagem bastante positiva da nossa terra; a maçada, dizia, que é para a nossa Presidência o regime do Sr. Mugabe ainda existir.
Maça também a insistência asinina dos regimes africanos em alinhar e respaldar com a sua solidariedade o regime bestial (de besta, mesmo) que o referido Sr. instaurou naquele país; não sei se alguém já lhes chamou a atenção para o facto de que associar-se a um regime moribundo pega mal e só demonstra a escassa esperança de vida daqueles que se lhe associam. "Ah, são imperativos de política interna, têm de mostrar-se solidários." A política externa também tem imperativos, e não menos prementes que os internos - têm é de ser tornados bem claros.
Maçam também os Estados-membros que, fora o Reino Unido, dizem que não vêm a uma Cimeira onde haja ditadores. Pois claro, há grilinhos falantes que nos arengam do alto de elevadíssmos padrões civilizacionais. Está tudo dito quanto a esses nossos irmãos comunitários.
Há limites para o grau de desonra que podemos aceitar; é que quem nos atrapalha mais este pequeno êxito de que alimentam as políticas externas dos países (mais) pequenos, é esta gente.
Há também um serviço de informações que poderia dedicar-se, entre outras actividades, a causar acidentes apenas ligeiramente incapacitantes a ditadores execráveis, sem que o Mundo ficasse infinitamente mais pobre por isso. Estarei a exagerar?
Regressando à Terra, desta questiúncula desagradável podemos retirar a conclusão, triste, de que nem Portugal, nem outros intervenientes tradicionais na área (o Reino Unido), nem mesmo a UE enquanto tal tem influência ou poder de dissuasão suficiente para fazer desta Cimeira um êxito, como conviria. Conviria a Portugal, primeiro que tudo, e conviria aos Estados africanos. Não que da Cimeira fossem resultar grandes soluções para os problemas globais, mas como sinal de compromisso e mesmo de respeitabilidade de quem nela participasse.
Ou então a realização da Cimeira só convém mesmo a Portugal, porque quer mais uma estrelinha na constelação da sua Presidência, e há outros que ou não estão nem aí ou que querem organizar a conferência na sua Presidência, enquanto ela é rotativa. Talvez não seja a Eslovénia, no entanto.
Por último, resta-me aplaudir (sinceramente) a coragem do nosso Executivo ao planear a Cimeira. Foi uma aposta, e ainda vai a tempo de correr bem, mas pode muito bem dar para o torto. Acredito que, ao planear a Presidência, tenham pensado "em Dezembro de 2007 o homem ou já morreu ou o regime caiu". E teriam fundamento para acreditar nisso. Mas não. O regime arrasta-se, entre decretos a cortar a inflação para metade (para uns 4000% ao ano) e entre ajustes de contas tribais. Quanto mais escrevo mais me convenço de que há limites. Esperemos pelo melhor.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Um ventinho frio
Vamos ter a XX Cimeira UE-Rússia na próxima Sexta-feira, dia 26, em Mafra. O MNE russo, Serguei Lavrov, deu uma entrevista à Lusa que vale bem a pena conhecer. Vou aqui transcrever (com a devida vénia aos Josés Meirelles e Milhazes) algumas das afirmações do ministro, comentando-as:
Serguei Lavrov, em entrevista por escrito exclusiva à Agência Lusa e pesando o actual estado das relações entre o seu país e Bruxelas, sublinha que, devido aos alargamentos, a União Europeia (UE) se tornou “menos uniforme”. “As últimas decisões da UE fixaram essa heterogeneidade”, assegura o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, expressando o “desejo sincero” de que os 27 superem a “doença de crescimento” para formarem “um sistema harmonioso de tomada de decisões sobre o seu posterior desenvolvimento”. “Uma UE forte, eficaz, que não permita o recuo para o passado nacionalista e populista, corresponderia (…) aos interesses (…) dos seus parceiros, incluindo a Rússia”, garante.
- A Rússia não gosta de qualquer alargamento da UE, como não gostou do desmantelamento do "talude soviético", nas suas vertentes política, militar, económica e cultural. Qualquer ex-Estado satélite que se junte ou à UE ou à NATO é sentido como uma derrota em Moscovo. Talvez vá além da racionalidade, esta reacção, e acho-a compreensível. A perspectiva de Moscovo parece ser esta: os Estados da Europa Central/Oriental pertenciam a um bloco político-estratégico, agora pertencem a outro; os blocos opõem-se, é essa a sua natureza e propósito, e desta perspectiva crua de política de poder Moscovo não sai. Daí vir dizer-nos que a UE é "heterogénea", que há elementos muito diferentes, que chocam, e cuja assimilação vai levar tempo antes de novo alargamento... "Não façam novos alargamentos, tenham calma..."
- E quanto a passados nacionalistas e populistas, o MNE russo está bem habilitado a falar, porque vive num país em que nacionalismo e populismo são o presente. Mas o de alguns EM da UE (não digo nomes) são maus e agressivos, e o da Rússia é justo, bom, belo e defensivo.
Lavrov discorda do facto de a “solidariedade europeísta” ser “frequentemente utilizada para exercer pressão sobre a Rússia”, visando “arrancar cedências políticas, ou económicas” nas suas relações com terceiros. “Semelhante atitude de alguns países comunitários não é claramente construtiva”, lamenta, admitindo que “não contribui para a solução dos problemas” e até divide as “próprias fileiras” da UE. “A solidariedade europeia não deve ser uma amizade contra alguém, pelo contrário", precisa.
- Cá está: a Rússia defende apenas o que é seu. Vê-se rodeada de gente poderosa e ávida de riquezas (como bálticos e caucasianos, por exemplo), e precisa de defender-se. A UE pressiona, quase violenta a Rússia, ao exigir estabilidade no fornecimento de gás e de petróleo e reciprocidade no tratamento às empresas; a UE repudia truques sujos como "avarias" em oleodutos e pirataria informática a EM que desagradam a Moscovo. Mas não devia nem exigir nem repudiar, porque a Rússia só se defende.
- A UE divide-se a si própria, outra grande verdade. Algo de que, ao acontecer efectivamente (Nord-Stream, carne polaca), a Rússia não se aproveita nem manipula para sua vantagem. Até parece que as boas práticas estão do lado da Rússia.
No entanto, Lavrov frisa que “a Rússia, ao realizar a “opção europeia”, deve “conservar a liberdade de definição e realização da sua política interna e externa”. Moscovo - adianta - está “interessada na manutenção e desenvolvimento multilateral das relações com os países da Comunidade de Estados Independentes (CEI) - formada pelas antigas repúblicas soviéticas, menos as bálticas Estónia, Letónia e Lituânia -, com os Estados Unidos, China, Índia e com os novos centros mundiais emergentes na região do Sudeste da Ásia”, o que corresponde igualmente aos interesses da UE.
- A Rússia é um pólo em si mesma, já sabemos, e já sabemos que a Rússia não vai deixar ninguém intrometer-se nas suas políticas interna ou externa, porque a Rússia é maior e mais forte e está a defender-se. E a CEI é território off limits para vocês.
O chefe da diplomacia de Moscovo recorda que o Presidente Vladimir Putin, num texto de Março dedicado ao 50.º aniversário do Tratado de Roma, concluía não poder “existir uma completa unidade do (…) continente enquanto a Rússia não se tornar parte orgânica do processo europeu”. “A interdependência positiva no sector energético (…) cria boas premissas para a posterior aproximação em todas as outras áreas de cooperação”, conclui Lavrov.
- Que «parte orgânica» é esta que não abdica de liberdade nas políticas interna e externa? E se quanto à interdependência energética estamos mais que esclarecidos, esta é tão positiva, mas tão positiva, que já nos pôs a todos na UE a pensar em renováveis, em projectos de partilha estratégica de recursos e em alternativas desesperadas aos hidrocarbonetos russos. Mas é verdade que, havendo confiança e estabilidade nessa área, outras poderão seguir-se. É só passar dois ou três Natais sem ameaçar fechar a torneira.
O tom do remendo é beligerante, eu admito, e explica-se essencialmente através de duas frustrações: a primeira, que é a de já não se conseguir saber quem começou a provocar quem e quem falhou em primeiro lugar a aproximação, que entendo tão útil e desejável, entre a Europa Ocidental e a Rússia; a segunda, é a de ver na Rússia todo o potencial e capacidade para gerar esse mesmo entendimento, mas não o fazer por opções (ou imperativos) de política interna e de conservação da estrutura de poder. A Rússia sairia reforçada de um relacionamento próximo e franco com a Europa Ocidental; prefere desperdiçar as suas - e as nossas - energias em confrontos.
Serguei Lavrov, em entrevista por escrito exclusiva à Agência Lusa e pesando o actual estado das relações entre o seu país e Bruxelas, sublinha que, devido aos alargamentos, a União Europeia (UE) se tornou “menos uniforme”. “As últimas decisões da UE fixaram essa heterogeneidade”, assegura o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, expressando o “desejo sincero” de que os 27 superem a “doença de crescimento” para formarem “um sistema harmonioso de tomada de decisões sobre o seu posterior desenvolvimento”. “Uma UE forte, eficaz, que não permita o recuo para o passado nacionalista e populista, corresponderia (…) aos interesses (…) dos seus parceiros, incluindo a Rússia”, garante.
- A Rússia não gosta de qualquer alargamento da UE, como não gostou do desmantelamento do "talude soviético", nas suas vertentes política, militar, económica e cultural. Qualquer ex-Estado satélite que se junte ou à UE ou à NATO é sentido como uma derrota em Moscovo. Talvez vá além da racionalidade, esta reacção, e acho-a compreensível. A perspectiva de Moscovo parece ser esta: os Estados da Europa Central/Oriental pertenciam a um bloco político-estratégico, agora pertencem a outro; os blocos opõem-se, é essa a sua natureza e propósito, e desta perspectiva crua de política de poder Moscovo não sai. Daí vir dizer-nos que a UE é "heterogénea", que há elementos muito diferentes, que chocam, e cuja assimilação vai levar tempo antes de novo alargamento... "Não façam novos alargamentos, tenham calma..."
- E quanto a passados nacionalistas e populistas, o MNE russo está bem habilitado a falar, porque vive num país em que nacionalismo e populismo são o presente. Mas o de alguns EM da UE (não digo nomes) são maus e agressivos, e o da Rússia é justo, bom, belo e defensivo.
Lavrov discorda do facto de a “solidariedade europeísta” ser “frequentemente utilizada para exercer pressão sobre a Rússia”, visando “arrancar cedências políticas, ou económicas” nas suas relações com terceiros. “Semelhante atitude de alguns países comunitários não é claramente construtiva”, lamenta, admitindo que “não contribui para a solução dos problemas” e até divide as “próprias fileiras” da UE. “A solidariedade europeia não deve ser uma amizade contra alguém, pelo contrário", precisa.
- Cá está: a Rússia defende apenas o que é seu. Vê-se rodeada de gente poderosa e ávida de riquezas (como bálticos e caucasianos, por exemplo), e precisa de defender-se. A UE pressiona, quase violenta a Rússia, ao exigir estabilidade no fornecimento de gás e de petróleo e reciprocidade no tratamento às empresas; a UE repudia truques sujos como "avarias" em oleodutos e pirataria informática a EM que desagradam a Moscovo. Mas não devia nem exigir nem repudiar, porque a Rússia só se defende.
- A UE divide-se a si própria, outra grande verdade. Algo de que, ao acontecer efectivamente (Nord-Stream, carne polaca), a Rússia não se aproveita nem manipula para sua vantagem. Até parece que as boas práticas estão do lado da Rússia.
No entanto, Lavrov frisa que “a Rússia, ao realizar a “opção europeia”, deve “conservar a liberdade de definição e realização da sua política interna e externa”. Moscovo - adianta - está “interessada na manutenção e desenvolvimento multilateral das relações com os países da Comunidade de Estados Independentes (CEI) - formada pelas antigas repúblicas soviéticas, menos as bálticas Estónia, Letónia e Lituânia -, com os Estados Unidos, China, Índia e com os novos centros mundiais emergentes na região do Sudeste da Ásia”, o que corresponde igualmente aos interesses da UE.
- A Rússia é um pólo em si mesma, já sabemos, e já sabemos que a Rússia não vai deixar ninguém intrometer-se nas suas políticas interna ou externa, porque a Rússia é maior e mais forte e está a defender-se. E a CEI é território off limits para vocês.
O chefe da diplomacia de Moscovo recorda que o Presidente Vladimir Putin, num texto de Março dedicado ao 50.º aniversário do Tratado de Roma, concluía não poder “existir uma completa unidade do (…) continente enquanto a Rússia não se tornar parte orgânica do processo europeu”. “A interdependência positiva no sector energético (…) cria boas premissas para a posterior aproximação em todas as outras áreas de cooperação”, conclui Lavrov.
- Que «parte orgânica» é esta que não abdica de liberdade nas políticas interna e externa? E se quanto à interdependência energética estamos mais que esclarecidos, esta é tão positiva, mas tão positiva, que já nos pôs a todos na UE a pensar em renováveis, em projectos de partilha estratégica de recursos e em alternativas desesperadas aos hidrocarbonetos russos. Mas é verdade que, havendo confiança e estabilidade nessa área, outras poderão seguir-se. É só passar dois ou três Natais sem ameaçar fechar a torneira.
O tom do remendo é beligerante, eu admito, e explica-se essencialmente através de duas frustrações: a primeira, que é a de já não se conseguir saber quem começou a provocar quem e quem falhou em primeiro lugar a aproximação, que entendo tão útil e desejável, entre a Europa Ocidental e a Rússia; a segunda, é a de ver na Rússia todo o potencial e capacidade para gerar esse mesmo entendimento, mas não o fazer por opções (ou imperativos) de política interna e de conservação da estrutura de poder. A Rússia sairia reforçada de um relacionamento próximo e franco com a Europa Ocidental; prefere desperdiçar as suas - e as nossas - energias em confrontos.
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
A trilhar o caminho do Tratado
Na esteira dos comentários ao Tratado de Lisboa, há duas questões em particular que me suscitam curiosidade, não tanto no plano da execução dos cargos (que dependerá, em grande medida, da pessoa escolhida para os exercer), mas no do seu impacto na prossecução do tão proclamado objectivo de se atingir uma maior coerência na acção externa da UE, no caso da primeira, e de se assegurar uma maior democraticidade do projecto europeu, no caso da segunda.
Em primeiro lugar, interrogo-me sobre a compatibilidade dos cargos de Alto Representante para a Política Externa e o de Presidente do Conselho Europeu. Neste momento, no plano externo, há uma divisão, nem sempre clara para terceiros, mas que a nós europeus já nos habituámos, entre a Comissária para as Relações Externas e o Alto Representante. O futuro titular deste último cargo assumirá também o de Comissário (sendo, inclusive, Vice-Presidente da Comissão). Ora, o futuro Presidente do Conselho Europeu terá também como incumbência representar a UE no plano externo. Veremos como se vão conciliar papéis, vontades e personalidades...
Em segundo lugar, e os contornos desta questão, tanto quanto sei, ainda não estão plenamente definidos, importará ver como se vai processar na prática a solução imaginativa de fazer com que o Presidente do PE não seja um deputado. Como é que vai ser? Elegem-se 751 pessoas, mas destas só 750 serão deputados? Qual o estatuto da que sobra? Continuará a ser possível repartir, como tem vindo a ser hábito, a Presidência do PE pelos dois maiores grupos políticos? Poderá alguém ser Presidente do PE nos primeiros dois anos e meio e depois ser deputado? Como vai ser? Perdem-se direitos que se conquistaram quando se foi eleito e volta-se a tê-los quando se deixa de ser Presidente? Neste caso, não estamos nas mãos de vontades ou personalidades. Estamos nas mãos de juristas. O que nos deve deixar muito mais descansados!
Murganheira III - O Alto-Representante, etc. etc.
Segunda nota neste passeio pelo Tratado - o Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança (ARNEPS).
Quere-se que o ARNEPS seja uma personagem particularmente importante desta UE revitalizada. Tem assento quer no Conselho quer na Comissão, por exemplo, e tem um nome comprido, o que também ajuda na altura de impor respeito. Se vier um dia a ser um português, com a nossa moda de nomes extensos, e porque não podemos ofender nem o pai nem a mãe, nem o trisavô de quem herdámos o "Onofre", teremos pompa e circunstância na altura de ser anunciado. Lembra a carta que Carlos V endereçou a Francisco I de França, em que o rol dos títulos do remetente ocupava toda a primeira página. O rei de França assinou a resposta "Francisco, senhor de A e B" (não me lembro dos nomes exactos), duas aldeolas perto de Paris.
O cargo é importante: é a figura que vai ser a ponta de lança da Política Externa Europeia. E aí bate o ponto. Vai poder viajar muito, vai encontrar-se com toda a gente, vai até poder falar com autoridade em alguns assuntos. Mas, como até agora e como não pode deixar de ser, a ameaça mais séria que vai poder fazer é: "Se não fizer o que queremos, olhe que a UE fica muito zangada e não desbloqueia as verbas para que os seus idosos tenham banda larga para poder ver o Youtube mais depressa". Se calhar estou a ser injusto: acho que até é possível impedir que os Mujahedin do Povo sejam retirados da lista de organizações terroristas.
A Política Externa Europeia é o que é, não vou dizer grandes novidades, acho... Pelo menos ponham lá alguém que perceba de Comércio Externo, sempre seria mais útil para a nossa União Europeia, S.A..
Quere-se que o ARNEPS seja uma personagem particularmente importante desta UE revitalizada. Tem assento quer no Conselho quer na Comissão, por exemplo, e tem um nome comprido, o que também ajuda na altura de impor respeito. Se vier um dia a ser um português, com a nossa moda de nomes extensos, e porque não podemos ofender nem o pai nem a mãe, nem o trisavô de quem herdámos o "Onofre", teremos pompa e circunstância na altura de ser anunciado. Lembra a carta que Carlos V endereçou a Francisco I de França, em que o rol dos títulos do remetente ocupava toda a primeira página. O rei de França assinou a resposta "Francisco, senhor de A e B" (não me lembro dos nomes exactos), duas aldeolas perto de Paris.
O cargo é importante: é a figura que vai ser a ponta de lança da Política Externa Europeia. E aí bate o ponto. Vai poder viajar muito, vai encontrar-se com toda a gente, vai até poder falar com autoridade em alguns assuntos. Mas, como até agora e como não pode deixar de ser, a ameaça mais séria que vai poder fazer é: "Se não fizer o que queremos, olhe que a UE fica muito zangada e não desbloqueia as verbas para que os seus idosos tenham banda larga para poder ver o Youtube mais depressa". Se calhar estou a ser injusto: acho que até é possível impedir que os Mujahedin do Povo sejam retirados da lista de organizações terroristas.
A Política Externa Europeia é o que é, não vou dizer grandes novidades, acho... Pelo menos ponham lá alguém que perceba de Comércio Externo, sempre seria mais útil para a nossa União Europeia, S.A..
Murganheira II - a Presidência
Agora que já praticamente toda a gente se esqueceu da Cimeira Informal de Lisboa e do acordo sobre o Tratado de Lisboa, podemos abalançar-nos a pensar em algumas das implicações que o Tratado de Lisboa vai ter para Portugal e para a União.
Há mudanças, e profundas, na estrutura de funcionamento das instituições. Olhemos para esta:
Presidência permanente do Conselho: a Presidência por turnos tinha um efeito salutar, não só sobre o Estado-membro que a ocupava, mas também sobre os demais: ao primeiro, porque tinha de amansar, ou pelo menos camuflar, a veemência na defesa da agenda própria, por ter a obrigação de facilitar acordos entre todos, e este exercício, por doloroso que fosse, permitia por vezes granjear a boa vontade dos outros; aos demais, porque sabiam que um dia eles próprios estariam naquela cadeira, e desejariam fazer da sua própria Presidência um êxito. Nada mais natural.
Agora já não vai ser necessariamente assim. A bem de uma "coerência" e "eficácia" na gestão dos trabalhos do Conselho, vai haver uma Presidência permanente do Conselho, o único órgão da UE que representa os Estados-membros enquanto tais. Vai ser interessante ver qual o grau de protagonismo que um Presidente da União vai ter, e interessante também a deriva rumo a acordos mais ou menos estáveis e públicos entre Estados-membros com entendimentos semelhantes sobre questões fundamentais (orçamento, energia, alargamento, etc.). A Presidência permanente torna o Conselho ainda mais inter-governamental, uma arena pura para a defesa dos interesses individuais dos Estados, quando a Presidência rotativa deitava água nessa fervura.
É melhor ou pior para Portugal? À (minha) primeira vista não é bom, mas não é dramático. O caminho para não sermos marginalizados nas tomadas de decisão dentro da UE não passa necessariamente por deter a Presidência; passa sim pela projecção para o exterior das capacidades e desempenhos políticos internos. Todos os Estados-membros mais pequenos perderão alguma projecção, é certo. Dificilmente um Presidente do Conselho será oriundo de um Estado-membro pequeno - aliás, pode dar-se o fenómeno de reservar-se a Comissão para um «pequeno», para dar pitoresco, e o Conselho para um «grande».
Perante o facto consumado, resta esperar que haja vontade e recursos para tentar corrigir aqui o défice crónico de portugueses em posições de chefia na administração comunitária. Acho que são estas as armas com que se combate em prol do futuro... da União, claro. Outros aspectos do Tratato de Lisboa mais tarde.
Há mudanças, e profundas, na estrutura de funcionamento das instituições. Olhemos para esta:
Presidência permanente do Conselho: a Presidência por turnos tinha um efeito salutar, não só sobre o Estado-membro que a ocupava, mas também sobre os demais: ao primeiro, porque tinha de amansar, ou pelo menos camuflar, a veemência na defesa da agenda própria, por ter a obrigação de facilitar acordos entre todos, e este exercício, por doloroso que fosse, permitia por vezes granjear a boa vontade dos outros; aos demais, porque sabiam que um dia eles próprios estariam naquela cadeira, e desejariam fazer da sua própria Presidência um êxito. Nada mais natural.
Agora já não vai ser necessariamente assim. A bem de uma "coerência" e "eficácia" na gestão dos trabalhos do Conselho, vai haver uma Presidência permanente do Conselho, o único órgão da UE que representa os Estados-membros enquanto tais. Vai ser interessante ver qual o grau de protagonismo que um Presidente da União vai ter, e interessante também a deriva rumo a acordos mais ou menos estáveis e públicos entre Estados-membros com entendimentos semelhantes sobre questões fundamentais (orçamento, energia, alargamento, etc.). A Presidência permanente torna o Conselho ainda mais inter-governamental, uma arena pura para a defesa dos interesses individuais dos Estados, quando a Presidência rotativa deitava água nessa fervura.
É melhor ou pior para Portugal? À (minha) primeira vista não é bom, mas não é dramático. O caminho para não sermos marginalizados nas tomadas de decisão dentro da UE não passa necessariamente por deter a Presidência; passa sim pela projecção para o exterior das capacidades e desempenhos políticos internos. Todos os Estados-membros mais pequenos perderão alguma projecção, é certo. Dificilmente um Presidente do Conselho será oriundo de um Estado-membro pequeno - aliás, pode dar-se o fenómeno de reservar-se a Comissão para um «pequeno», para dar pitoresco, e o Conselho para um «grande».
Perante o facto consumado, resta esperar que haja vontade e recursos para tentar corrigir aqui o défice crónico de portugueses em posições de chefia na administração comunitária. Acho que são estas as armas com que se combate em prol do futuro... da União, claro. Outros aspectos do Tratato de Lisboa mais tarde.
sábado, 20 de outubro de 2007
Desculpe mas era Murganheira
Obstáculos informáticos impediram-me de remendar ontem, dia de gáudio generalizado na nossa terra, pelo baptismo do novo Tratado. É claro que queríamos forçosamente baptizar o menino aqui no jardim à beira-mar plantado, e a alegria é especialmente por isso, parece-me bem; uma análise noutro tom, necessariamente mais sério, vai seguir-me muito em breve, provavelmente depois da final do Campeonato Mundial de Râguebi.
Entretanto, celebremos. Há motivos para isso. Pode ser que deixemos para trás os assuntos de gestão da nossa grande UE - Sociedade Anónima e que nos concentremos em assuntos que não estes, meramente operacionais. Não digo que sejam os assuntos fundamentais, nem que se vão fazer as escolhas certas, mas também não sou futurólogo; só que andar a fazer contas aos deputados e às percentagens de rerpesentação é maçador e não dá bom material para escrever.
E sim, estou a render-me a truques menos subtis para atrair visitantes ao nosso blogue. Quem se sentir ofendido, incomodado ou não achar graça, pode ir ouvir mil vezes o hino que a Pipoca Mais Doce partilhou connosco no seu post de 18 de Outubro. Obrigado, Pipoca, obrigado José Sócrates PM, obrigado à simpática Bar Refaeli (ao lado da garrafa) e obrigado a todos os que colaboraram com este grande projecto que é, e será, o Tratado de Lisboa.
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
E agora?
O Tratado de Lisboa (recuso-me a chamá-lo de Tratado Reformador...) foi aprovado hoje de madrugada e logo começaram as análises sobre o que muda; o que se mantém; o que parece que muda, mas que na realidade fica igual; o que dizem que fica igual, mas aparentemente muda. Começou também o debate acerca da forma de aprovação do Tratado. Ratificação parlamentar ou referendo?
Tenho uma posição de princípio desfavorável à realização de referendos, principalmente em matérias de política externa, por vários motivos. Em primeiro lugar, a proliferação de referendos não me parece muito recomendável numa democracia representativa, em que Governo e Parlamento são eleitos precisamente para tomar e assumir decisões (e o assumir aqui é de importância capital). Em segundo lugar, as campanhas referendárias tendem a assumir a forma de debates partidários e não de discussões sobre o que se pretende ratificar. Acresce que o sistema político não tenta sequer evitar esse fenómeno, ao fomentar ele próprio a assunção pelos partidos políticos de posições dogmáticas sobre o objecto do referendo. Em terceiro lugar, a política externa é tradicionalmente uma área opaca, que a generalidade da população conhece mal e sobre a qual tem uma opinião não necessariamente positiva. Dada a forma como tradicionalmente decorrem as campanhas políticas em Portugal, desconfio que um referendo ao Tratado de Lisboa se processasse de forma muito diferente.
Por tudo isto, deixemos ao Parlamento a responsabilidade de discutir e aprovar o Tratado, não como uma forma de evitarmos um embaraço externo, em caso de chumbo do dito em referendo (são coisas que acontecem...), mas simplesmente porque não parece provada a utilidade do referendo.
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quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Sentido de humor
Correcção implora-se: não foi Aristóteles quem disse que "o Homem é o animal que ri"? Se calhar não foi. Riam-se de mim, por favor.
"Terrorismo cego". In Al Iawm, Arábia Saudita
Não posso concordar mais com a frase, venha de quem vier. Somos animais que riem, e os que não riem, ou não querem rir, porque se levam demasiado a sério, são só animais. Espero que tenha servido de introdução a estes cartoons, que começam a aparecer em jornais de expressão árabe no Médio Oriente e não só, e que aqui reproduzo, cortesia do Corriere della Sera online de hoje.
"Virgens no Paraíso", pensa o aspirante a galã das areias. In Al Watan, Arábia Saudita
"Terrorismo cego". In Al Iawm, Arábia Saudita
"Troca de cabeças". In Al Hayat, Reino Unido
O meu preferido: "Pensamentos terroristas", in Al Riyad, Arábia Saudita
Gosto mais destes cartoons, impressos em jornais às dezenas de milhar, do que de discursos institucionais e de Alianças de Civilizações. E, se continuarem, terão mais resultado.
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
"Regresso ao passado, e a tantas recordações..."
Era um programa do Júlio Isidro, éramos todos umas crianças e a RTP fazia de nós o que queria. Não vos maço mais com isto.
Dois dias, dois fracassos. Eu não quereria estar hoje na casa Branca. E nem sequer estou a colocar-me na Sala Oval. Só na Administração. Como observador. Mesmo porteiro. Hoje devem voar estilhaços por todo o lado, haverá crispação, skimmed milk diet decaf-mokaccinos a cair em camisas e vestidos, de propósito ou não.
Não bastava a Índia mandar o acordo nuclear às urtigas; hoje a Rússia confirma, ao mais alto nível, o acordo nuclear que tem com o Irão. Olhando à substância, talvez as circunstâncias não mudem muito, mas o simbolismo de tudo isto é, aos meus olhos, muito forte.
As razões para a Rússia acenar assim com o seu apoio explícito ao Irão parecem-me claras: a Rússia quer aparecer aos olhos dos Muçulmanos como amiga segura, como no tempo da URSS; a Rússia quer ser o garante da paz na região do Mar Cáspio-Turquestão, como no tempo da URSS; a Rússia quer pressionar Israel, por quem não nutre a maior das simpatias, como no tempo da URSS; a Rússia quer fazer passar a mensagem à NATO de que não pode imiscuir-se naquela região do mundo, e isso incluiu não se alargar para Oriente - olha, como no tempo da URSS.
Os interesses estratégicos da URSS e da Rússia foram sempre uma e a mesma coisa. Nenhum Secretário-Geral se desviou um milímetro da perspectiva estratégica dos Czares. O Presidente Putin não tem razão para fazer o contrário, por esta ordem de ideias. Até recuperou o hino da URSS, uma melodia linda.
Esta actuação nem sequer choca (flagrantemente) com a repressão dos Chechenos: pois a Rússia não está a defender os Muçulmanos da agressão dos Cruzados americanos? E do Sr. Kouchner, já agora? E isso não é estupendo? Olé a Putin, então, que reitera a todo o mundo a sua política de força. A Rússia é poderosa e vai desenvolver a sua política externa, para os seus objectivos. Não os das "Democracias", nem os de um "Ocidente" nem muito menos os de uma "Europa".
Perante isto, e para regressar ao cenário de catástrofe do início do remendo, como é que isto deixa os Ocidentais (EUA e UE, sim)? Em Washington deverá passar-se aquilo que já imaginei supra; em Paris, e nas outras capitais da troika, sabe-se lá. Soluções, caminhos alternativos, precisam-se. Endurecimento de sanções? Quais?
Mais que tudo isto, julgo que este é o sinal de que não podemos tratar a Rússia como "um dos nossos". A Rússia é um pólo em si mesma, e vai continuar a consolidar essa posição; quisémos acreditar que podia não ser assim, e essa convicção foi boa enquanto durou. Mas já não há maneira de mantê-la.
Dois dias, dois fracassos. Eu não quereria estar hoje na casa Branca. E nem sequer estou a colocar-me na Sala Oval. Só na Administração. Como observador. Mesmo porteiro. Hoje devem voar estilhaços por todo o lado, haverá crispação, skimmed milk diet decaf-mokaccinos a cair em camisas e vestidos, de propósito ou não.
Não bastava a Índia mandar o acordo nuclear às urtigas; hoje a Rússia confirma, ao mais alto nível, o acordo nuclear que tem com o Irão. Olhando à substância, talvez as circunstâncias não mudem muito, mas o simbolismo de tudo isto é, aos meus olhos, muito forte.
As razões para a Rússia acenar assim com o seu apoio explícito ao Irão parecem-me claras: a Rússia quer aparecer aos olhos dos Muçulmanos como amiga segura, como no tempo da URSS; a Rússia quer ser o garante da paz na região do Mar Cáspio-Turquestão, como no tempo da URSS; a Rússia quer pressionar Israel, por quem não nutre a maior das simpatias, como no tempo da URSS; a Rússia quer fazer passar a mensagem à NATO de que não pode imiscuir-se naquela região do mundo, e isso incluiu não se alargar para Oriente - olha, como no tempo da URSS.
Os interesses estratégicos da URSS e da Rússia foram sempre uma e a mesma coisa. Nenhum Secretário-Geral se desviou um milímetro da perspectiva estratégica dos Czares. O Presidente Putin não tem razão para fazer o contrário, por esta ordem de ideias. Até recuperou o hino da URSS, uma melodia linda.
Esta actuação nem sequer choca (flagrantemente) com a repressão dos Chechenos: pois a Rússia não está a defender os Muçulmanos da agressão dos Cruzados americanos? E do Sr. Kouchner, já agora? E isso não é estupendo? Olé a Putin, então, que reitera a todo o mundo a sua política de força. A Rússia é poderosa e vai desenvolver a sua política externa, para os seus objectivos. Não os das "Democracias", nem os de um "Ocidente" nem muito menos os de uma "Europa".
Perante isto, e para regressar ao cenário de catástrofe do início do remendo, como é que isto deixa os Ocidentais (EUA e UE, sim)? Em Washington deverá passar-se aquilo que já imaginei supra; em Paris, e nas outras capitais da troika, sabe-se lá. Soluções, caminhos alternativos, precisam-se. Endurecimento de sanções? Quais?
Mais que tudo isto, julgo que este é o sinal de que não podemos tratar a Rússia como "um dos nossos". A Rússia é um pólo em si mesma, e vai continuar a consolidar essa posição; quisémos acreditar que podia não ser assim, e essa convicção foi boa enquanto durou. Mas já não há maneira de mantê-la.
Ele há cada coisa...
E mais não digo, para manter o suspense. Vale a pena ver: http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/7048325.stm
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Isto não é uma notícia de rodapé
http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/article2670051.ece
Até porque, há uns anos, fez soar trombetas por todo o mundo: os EUA, feros e fiéis praticantes da Realpolitik, dispunham-se a negociar combustível e tecnologia nuclear com a Índia, ao mesmo tempo que martelavam (e ainda martelam) outros países (quem, quem?) por causa dos seus programas nucleares. E porquê? Porque queriam um aliado estratégico contra a China e tinham-no obtido, à custa de subornos nucleares.
Agora, pelos vistos, a maior democracia do mundo, através do jogo político democrático - algo que não se põe em causa - decidiu que os pacta não sunt servanda. Se o Governo indiano fosse para a frente na execução do tratado com os EUA, arriscava-se a eleições antecipadas porque os seus aliados do Partido Comunista Indiano deixariam de apoiá-lo.
E isto porque o PCI não quer que a AIEA inspeccione o programa nuclear indiano. A maior democracia do mundo, etc. etc., agindo soberanamente, rejeita qualquer ingerência nos seus direitos inalienáveis de desenvolver em segredo o seu programa de energia atómica. E o PCI logra uma vitória contra os EUA, ainda para mais gozando de amplo apoio popular.
Grande fracasso para a Administração Bush, algo que não pode deixar de alegrar meio (ou quase todo o) mundo. O desenvolvimento das relações com a Índia, que Washington desejava óptimas, com naturalidade, baseava-se em boa medida no acordo nuclear. Agora é impossível para o Presidente Bush, a um ano de sair da Casa Branca, conseguir resolver isto - mas o/a senhor/a que se segue vai tentar exactamente a mesma coisa, com naturalidade.
E porquê? Porque toda a gente quer aproveitar as janelas de oportunidade para se entender bem com a Índia: EUA, UE, Rússia e mesmo a China. Com a Índia não há problemas económicos ou territoriais prementes, não há muita coisa que impeça, à partida, boas relações. A Índia tem é muito por onde escolher, e poderá escolher o melhor de cada um dos mundos. Os EUA tinham a oferecer-lhe tecnologia e combustível nuclear, a troco de inspecções da AIEA (que talvez nem seriam muito aprofundadas, mas enfim) e ser vista como aliada dos EUA frente à China. Não deu.
Vamos lá ver o que os outros têm a oferecer.
Até porque, há uns anos, fez soar trombetas por todo o mundo: os EUA, feros e fiéis praticantes da Realpolitik, dispunham-se a negociar combustível e tecnologia nuclear com a Índia, ao mesmo tempo que martelavam (e ainda martelam) outros países (quem, quem?) por causa dos seus programas nucleares. E porquê? Porque queriam um aliado estratégico contra a China e tinham-no obtido, à custa de subornos nucleares.
Agora, pelos vistos, a maior democracia do mundo, através do jogo político democrático - algo que não se põe em causa - decidiu que os pacta não sunt servanda. Se o Governo indiano fosse para a frente na execução do tratado com os EUA, arriscava-se a eleições antecipadas porque os seus aliados do Partido Comunista Indiano deixariam de apoiá-lo.
E isto porque o PCI não quer que a AIEA inspeccione o programa nuclear indiano. A maior democracia do mundo, etc. etc., agindo soberanamente, rejeita qualquer ingerência nos seus direitos inalienáveis de desenvolver em segredo o seu programa de energia atómica. E o PCI logra uma vitória contra os EUA, ainda para mais gozando de amplo apoio popular.
Grande fracasso para a Administração Bush, algo que não pode deixar de alegrar meio (ou quase todo o) mundo. O desenvolvimento das relações com a Índia, que Washington desejava óptimas, com naturalidade, baseava-se em boa medida no acordo nuclear. Agora é impossível para o Presidente Bush, a um ano de sair da Casa Branca, conseguir resolver isto - mas o/a senhor/a que se segue vai tentar exactamente a mesma coisa, com naturalidade.
E porquê? Porque toda a gente quer aproveitar as janelas de oportunidade para se entender bem com a Índia: EUA, UE, Rússia e mesmo a China. Com a Índia não há problemas económicos ou territoriais prementes, não há muita coisa que impeça, à partida, boas relações. A Índia tem é muito por onde escolher, e poderá escolher o melhor de cada um dos mundos. Os EUA tinham a oferecer-lhe tecnologia e combustível nuclear, a troco de inspecções da AIEA (que talvez nem seriam muito aprofundadas, mas enfim) e ser vista como aliada dos EUA frente à China. Não deu.
Vamos lá ver o que os outros têm a oferecer.
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Revisões para um teste que não é de cruzinhas
É como o sumário das aulas - vamos rever a matéria.
Em Espanha revêem-se os testemunhos da História que a Guerra Civil, e o regime que se lhe seguiu, deixaram por todo o país. São aos milhares os marcos toponímicos e as obras representativas de 36 anos de franquismo. A Lei da Memória Histórica quer retirá-los do quotidiano, em nome dos que sofreram e dos seus descendentes. A lei está redigida em termos abertos, mas o alvo é mais que evidente.
Certo ou errado? É uma das diferenças, parece-me, entre ter havido não uma revolução, como aqui, mas uma transição. Foi suave, em Espanha, o fim do regime. Talvez tenham escolhido as compressas, e não a amputação, para o seu passado problemático. Fico com a sensação de que agora é tarde.
Nos EUA, a Comissão de Relações Externas do Congresso decidiu que o Genocídio dos Arménios, em 1915, é verdade. Na Turquia não acham. A declaração não é, evidentemente, feita com base num interesse inocente pela verdade histórica.
Certo ou errado? Em política externa, os poderes das câmaras representativas é, na maioria dos países, o de votar tratados, aprovando-os ou não; não negoceiam instrumentos jurídicos internacionais, não dão instruções aos diplomatas, não se relacionam, em suma, com outros Estados. Agem a posteriori, sobre aquilo que o Executivo fez ou quer fazer.
Aqui o Congresso está a agir, ou antes, a opinar, a posteriori - quase 100 anos a posteriori. Acho que não conta como "emendar a mão", e não é grande serviço que está a prestar, nem ao seu país nem à Arménia.
Em Espanha revêem-se os testemunhos da História que a Guerra Civil, e o regime que se lhe seguiu, deixaram por todo o país. São aos milhares os marcos toponímicos e as obras representativas de 36 anos de franquismo. A Lei da Memória Histórica quer retirá-los do quotidiano, em nome dos que sofreram e dos seus descendentes. A lei está redigida em termos abertos, mas o alvo é mais que evidente.
Certo ou errado? É uma das diferenças, parece-me, entre ter havido não uma revolução, como aqui, mas uma transição. Foi suave, em Espanha, o fim do regime. Talvez tenham escolhido as compressas, e não a amputação, para o seu passado problemático. Fico com a sensação de que agora é tarde.
Nos EUA, a Comissão de Relações Externas do Congresso decidiu que o Genocídio dos Arménios, em 1915, é verdade. Na Turquia não acham. A declaração não é, evidentemente, feita com base num interesse inocente pela verdade histórica.
Certo ou errado? Em política externa, os poderes das câmaras representativas é, na maioria dos países, o de votar tratados, aprovando-os ou não; não negoceiam instrumentos jurídicos internacionais, não dão instruções aos diplomatas, não se relacionam, em suma, com outros Estados. Agem a posteriori, sobre aquilo que o Executivo fez ou quer fazer.
Aqui o Congresso está a agir, ou antes, a opinar, a posteriori - quase 100 anos a posteriori. Acho que não conta como "emendar a mão", e não é grande serviço que está a prestar, nem ao seu país nem à Arménia.
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A importância de ser Unido
O presidente Sarkozy, de visita à Rússia, disse que "era importante a União Europeia mostrar-se unida" na questão do Kosovo. Concordo, e acrescento que, ultimamente, tem havido uma série de acontecimentos internacionais que exigem da UE uma resposta concertada, e tanto melhor assim por dois motivos:
1. Uma resposta concertada da UE a algo de genuinamente importante seria uma grande vitória interna, pela raridade da ocasião;
2. Uma resposta concertada da UE às questões específicas que abaixo indicarei teria até mesmo de ser construtiva para o encontrar de uma solução.
Por estas duas razões, é importante ser Unido. Agora avanço eu com as minhas propostas de actos fundadores da União Europeia Unida (UEU):
a) Seria importante a UEU dizer a uma só voz aos kosovares que não devem avançar para uma declaração unilateral de independência depois de 10 de Dezembro. Tentar infundir alguma moderação aos vencedores da guerra (o UÇK, boa gente) e mitigar a burrice de fixar o prazo de 10 de Dezembro seria algo de bom que a UEU poderia fazer por aquela parte do nosso continente. As probabilidades são escassas, no entanto, e a UE já queimou boa parte da sua credibilidade em toda a questão dos Balcãs há muito tempo. No entanto, nunca é tarde para emendar a mão;
b) Seria importante a UEU dizer a uma só voz a Turquia que não comprometa a situação de segurança do Iraque nem descredibilize o governo em Bagdad intervindo no Curdistão. Se a Turquia quer melhorar a sua imagem na UE e ao mesmo tempo contribuir para uma acalmia na situação na sua fronteira Sudeste, pode procurar apoio nos seus aliados naturais: o governo central iraquiano e nos EUA.
O que me parece melhor ainda nesta situação b) é que a UE, se adoptar este caminho (pelo menos o Sr. Solana prega algo de parecido) está também a contribuir para que a Turquia não perca fiabilidade enquanto membro da NATO e a apróximá-la do Ocidente.
É uma consequência que não é imediata, é verdade, e está sujeita a variações; mas acredito sinceramente que, se há objectivos próximos que convêm à Europa e à UE são a conservação da NATO, por um lado, e a conservação da Turquia como membro da NATO, por outro. Não gostaria de ver a Turquia passar-se para o outro lado (qualquer que seja esse lado), e esse pode bem ser um bom investimento da União Europeia Unida.
1. Uma resposta concertada da UE a algo de genuinamente importante seria uma grande vitória interna, pela raridade da ocasião;
2. Uma resposta concertada da UE às questões específicas que abaixo indicarei teria até mesmo de ser construtiva para o encontrar de uma solução.
Por estas duas razões, é importante ser Unido. Agora avanço eu com as minhas propostas de actos fundadores da União Europeia Unida (UEU):
a) Seria importante a UEU dizer a uma só voz aos kosovares que não devem avançar para uma declaração unilateral de independência depois de 10 de Dezembro. Tentar infundir alguma moderação aos vencedores da guerra (o UÇK, boa gente) e mitigar a burrice de fixar o prazo de 10 de Dezembro seria algo de bom que a UEU poderia fazer por aquela parte do nosso continente. As probabilidades são escassas, no entanto, e a UE já queimou boa parte da sua credibilidade em toda a questão dos Balcãs há muito tempo. No entanto, nunca é tarde para emendar a mão;
b) Seria importante a UEU dizer a uma só voz a Turquia que não comprometa a situação de segurança do Iraque nem descredibilize o governo em Bagdad intervindo no Curdistão. Se a Turquia quer melhorar a sua imagem na UE e ao mesmo tempo contribuir para uma acalmia na situação na sua fronteira Sudeste, pode procurar apoio nos seus aliados naturais: o governo central iraquiano e nos EUA.
O que me parece melhor ainda nesta situação b) é que a UE, se adoptar este caminho (pelo menos o Sr. Solana prega algo de parecido) está também a contribuir para que a Turquia não perca fiabilidade enquanto membro da NATO e a apróximá-la do Ocidente.
É uma consequência que não é imediata, é verdade, e está sujeita a variações; mas acredito sinceramente que, se há objectivos próximos que convêm à Europa e à UE são a conservação da NATO, por um lado, e a conservação da Turquia como membro da NATO, por outro. Não gostaria de ver a Turquia passar-se para o outro lado (qualquer que seja esse lado), e esse pode bem ser um bom investimento da União Europeia Unida.
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Temos de compreendê-los... pois... Temos mesmo?
O rebentamento de uma mina terrestre no passado Domingo causou a morte a 13 soldados turcos. O Governo de Ankara veio rapidamente dizer que não está para aturar isto, e que pondera seriamente desrespeitar a fronteira Norte do Iraque para poder atacar e perseguir os independentistas do PKK. A notícia mais desenvolvida está aqui: http://www.iht.com/articles/2007/10/09/news/turkey.php
Estes são os factos. Aquilo que me interessa saber é:
1. O que resulta da violação das fronteiras do Iraque por (mais) um dos seus vizinhos, em termos de situação de segurança no Iraque?
2. De que forma é que a divisão do Iraque em três estados federados, recortados pelas linhas religiosas, ajuda à manutenção da paz na região e no interior de cada Estado federado, sem ferir de morte a unidade do Iraque?
3. Já agora, o que pensamos nós sobre o Curdistão? Não é daqueles conflitos em que ninguém tem muita vontade de se meter, pois não?
Estes são os factos. Aquilo que me interessa saber é:
1. O que resulta da violação das fronteiras do Iraque por (mais) um dos seus vizinhos, em termos de situação de segurança no Iraque?
2. De que forma é que a divisão do Iraque em três estados federados, recortados pelas linhas religiosas, ajuda à manutenção da paz na região e no interior de cada Estado federado, sem ferir de morte a unidade do Iraque?
3. Já agora, o que pensamos nós sobre o Curdistão? Não é daqueles conflitos em que ninguém tem muita vontade de se meter, pois não?
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
É útil e divertido
Isto até é útil, e, descontando as anedotas mais ou menos estereotipadas, bem divertido:
http://travel.timesonline.co.uk/tol/life_and_style/travel/article2576414.ece?Submitted=true
http://travel.timesonline.co.uk/tol/life_and_style/travel/article2576414.ece?Submitted=true
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Perguntas pertinentes
Houve perguntas que ficaram por fazer ao Presidente Ahmadinejad, aquando da sua deslocação à Universidade de Columbia:
“Your Excellency, our audience today desires for you to respond to a few basic facts about your country…
First Question: In 1978, approximately 72 rials (Iranian currency) equaled one US dollar. Today 9,317 rials amount to one US dollar….Why?
Second Question: It is stated by many environmental groups that Tehran is one of the most polluted cities in the world, where roughly 3,600 people die in a single month due to the hazardous air quality. What is your response?
Third Question: According to the International Monetary Fund, Iran has one of the highest, if not the highest rate of 'Brain Drain' in the world, with an estimated 150,000 people exiting Iran per year. What is your response?
Fourth Question: Your neighbors, the regional countries that surround Iran, such as China, India, Azerbaijan, Turkey, Israel, and the UAE, are all experiencing economic booms. What is the current state of the Iranian economy?”
A postura internacional do Irão permite, é certo, desviar as atenções da sua política interna. Graças a isso, o Presidente do Irão goza de assinalável popularidade no mundo islâmico - algo que o fosso cultural não me permite entender plenamente, mas também estamos todos aqui para isso. Ler o desenvolvimento das perguntas, e a bibliografia que as fundamenta, aqui.
“Your Excellency, our audience today desires for you to respond to a few basic facts about your country…
First Question: In 1978, approximately 72 rials (Iranian currency) equaled one US dollar. Today 9,317 rials amount to one US dollar….Why?
Second Question: It is stated by many environmental groups that Tehran is one of the most polluted cities in the world, where roughly 3,600 people die in a single month due to the hazardous air quality. What is your response?
Third Question: According to the International Monetary Fund, Iran has one of the highest, if not the highest rate of 'Brain Drain' in the world, with an estimated 150,000 people exiting Iran per year. What is your response?
Fourth Question: Your neighbors, the regional countries that surround Iran, such as China, India, Azerbaijan, Turkey, Israel, and the UAE, are all experiencing economic booms. What is the current state of the Iranian economy?”
A postura internacional do Irão permite, é certo, desviar as atenções da sua política interna. Graças a isso, o Presidente do Irão goza de assinalável popularidade no mundo islâmico - algo que o fosso cultural não me permite entender plenamente, mas também estamos todos aqui para isso. Ler o desenvolvimento das perguntas, e a bibliografia que as fundamenta, aqui.
Top de vendas de armas 2006!
... e o que é mais interessante é que o Paquistão, depois de ter comprado tanta arma, pode mudar de regime, líder e, possivelmente (e aterradoramente) mudar de aliado... parece que já vi isto em algum lado...
Agora, imaginemos o que uma China desembargada poderia fazer ao mercado de venda de armas....
Agora, imaginemos o que uma China desembargada poderia fazer ao mercado de venda de armas....
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