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Política externa deste e de outros mundos
São dois polícias russos, claro. A II Guerra Fria é do pior que há, e pior ainda é que se reúnem todos os ingredientes, incluindo a convicção plena de que é o outro lado que alimenta a questão com as suas atitudes intolerantes e anacrónicas. Temos de dar a volta a isto... Mas antes disso vou publicar a fotografia outra vez!
P.S.: Um dia este blogue terá, esteticamente, o cuidado e o gosto de um Je Maintiendrai ou de um O Jansenista. Por enquanto, a gerência lamenta quaisquer inconvenientes.
P.S. 2: O blogue do José Milhazes, Da Rússia, torna-se leitura imprescindível para saber, em primeiríssima mão, aquilo que por lá se passa. Para mim, informação inestimável.
Agora vem a parte que dá o título ao remendo. Foi-me despertada com este artigo do El País, em que se dá um destaque especial a esta manobra da diplomacia económica lusitana. A meu ver, não há que fazer grande estardalhaço em torno disto, embora qualquer movimentação portuguesa que provoque estardalhaço, mesmo que só em Espanha, já valha qualquer coisa.
No entanto, é mesmo um fogo fátuo: Espanha e Venezuela vivem o momento que todos conhecemos, e que o Sebastião já referiu em remendo anterior; depois, porque duas empresas petrolíferas a fazer negócio devia ser business as usual - ou um contrato da BP é brindado com Murganheira em Downing Street? - e por fim, porque o correspondente do El País em Portugal, o Miguel Mora, não é, salvo o devido respeito, o mais sensível dos relatores. Mas esta impressão é puramente minha.
Claro que virão dizer que Portugal anda a meter-se com quem não deve, com inimigos do Ocidente, com ditadores populistas demagogos, que estamos a pactuar com os desmandos e com as perfeitas imbecilidades do regime chavista. E se calhar até estamos, até certo ponto.
Sucede que há cerca de 1.200.000 portugueses e luso-descendentes na Venezuela, em quem há que pensar, se não queremos só brincar aos países ou às regiões autónomas europeias (nem digo espanholas...), e que, pela posição particular que ocupam na economia venezuelana, são alvos tentadores para a Revolução Bolivariana; há uma perspectiva de bons negócios para a Galp e de diversificação do abastecimento energético (e isso é importante, e todos os grilos falantes deste mundo também pensam nisso) e, por fim, há esta imagem: Portugal compra a esmagadora maioria do seu petróleo a dois países, nenhum deles monumentos à democracia liberal e participativa - a Nigéria e Angola. É caricato, mas em pergaminhos democráticos o senhor Chávez até possa pedir meças aos nossos outros fornecedores. Mas vem aí o Brasil para redimir-nos!