Vá, não será tanto assim: dizerem de mim que sou porreiro, ou que tenho boas ideias, ou que sou telegénico (e não imagino quem poderia dizer qualquer um destes dislates) não significa que eu próprio me identifique com eles, ou que lhes ache graça, ou sequer que lhes agradeça.
Pois não, mas não me retira o gozo de divulgar aqui no blogue a lista dos apoiantes de cada um dos candidatos democratas.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
E vão dois
Depois dos resultados da Carolina do Sul e da Florida, respectivamente, John Edwards e Rudolph Giuliani deverão anunciar a sua saída de cena. São duas baixas de peso, que, contudo, não surpreendem. Edwards sempre procurou colocar-se acima das querelas Clinton/Obama, recorrendo, para isso, a um discurso que raiava o populismo. Não teve, nem nos debates em que essa estratégia poderia compensar, qualquer sucesso. No caso de Giuliani, a estratégia (cujo mérito já aqui tinha questionado) de apostar tudo na Florida revelou-se suicida.
Importa, agora, reflectir nas consequências para os candidatos que restam. No campo democrata, é importante saber qual o candidato que Edwards apoiará (se algum). Se o anúncio for directo e parecer credível, Clinton ou Obama podem ter um inesperado apoio antes da "Super Duper Tuesday". No caso dos republicanos, o efeito da desistência poderá não ser tão imediato, já que Giuliani não é um republicano clássico, apesar de alguns dos Estados que se pronunciarão no dia 5 de Fevereiro também não serem porta-estandartes dos valores conservadores do GOP. The bets are on.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Um longo caminho pela frente
Com notícias como esta, a Turquia ainda tem muito que evoluir se quiser mesmo aderir à UE. E evoluir é mesmo a palavra certa, porque, contrariamente ao que se diz dos EUA e do Texas, não será a União a aderir à Turquia, mas sim a Turquia a aderir à União! Só espero que, a bem de todos, a evolução seja rápida.
domingo, 27 de janeiro de 2008
É desta
A pedido de várias famílias, aqui ficam algumas reflexões sobre os candidatos republicanos (restam cinco, nesta fase). Não direi, como o New York Times, que apoio um em deterimento dos restantes, já que, nesse capítulo, a escolha está feita e assumida. Mas sempre poderei indicar aquele que me parece o mal menor.
Comecemos pelo talvez menos conhecido. Ron Paul (site aqui) é um conservador libertário, defensor de uma política externa isolacionista, crente na bondade do direito à livre posse de armas, apologista da total abolição de impostos federais e de uma redução drástica do peso do Governo na vida das pessoas.
Rudolph Giuliani (site aqui) é o Mayor da América, como ficou conhecido depois do 9/11. É também o candidato mais heterodoxo do Partido Republicano, sendo conhecidas as suas posições favoráveis ao aborto e ao casamento homossexual. Por esse motivo, não participou nas primárias que se realizaram até agora e, por falta de exposição mediática e de associação pública a uma campanha vencedora, arrisca-se a perder a Florida, onde muitos nova-iorquinos que o admiram estão agora a viver reformados. Do que se conhece dos seus slogans, muitos são falsos. Não só não combateu a despesa pública quando foi Mayor de Nova Iorque como rapidamente saneou o Comandante da NYPD que, verdadeiro responsável pela quebra da criminalidade, o estava a ofuscar.
Mitt Romney (site aqui) apela ao voto dos mórmons, que são uma minoria dos eleitores republicanos. Mas a sua reputação enquanto gestor de uma firma de capital de risco precede-o e agora vale ouro numa altura de crise económica. Mas é também um homem que, enquanto Governador do Massachussets, defendeu uma coisa e agora, enquanto candidato, acredita noutra, por sinal mais conveniente.
Mike Huckabee (site aqui), o homem apoiado por Chuck Norris, é o que mais apela aos conservadores cristãos. É o típico republicano...
Finalmente, há John McCain (site aqui), aquele que no Verão passado foi considerado proscrito da campanha, mas que, entretanto, conseguiu ressuscitar das cinzas. É também um Republicano típico, com a vantagem em termos de imagem pública de ter sido um prisioneiro de guerra no Vietname.
De entre os cinco qual o menos mau? Penso que é McCain, por ser o mais conhecido, cujas posições são mais definidas, sendo, assim, o mais estável e o mais previsível. Por tudo isto, até gostava que ganhasse a nomeação (o debate com o vencedor democrata - especialmente se for Hillary Clinton - seria certamente interessante). Desde que, depois, perdesse as eleições!
E é um empate
2 a 2 é, neste momento, o resultado das primárias democratas: Obama ganhou o Iowa e, ontem, a Carolina do Sul (reportagens aqui e aqui), enquanto Hillary Clinton conquistou vitórias no New Hampshire e no Nevada.
Nesta fase do campeonato, tenho algumas dúvidas sobre o efeito esclarecedor da "Super Duper Tuesday" de 5 de Fevereiro, dada a diversidade dos Estados chamados a votar, assim como sobre o efeito da economia norte-americana nesta fase da campanha. Bill Clinton assegurou a vitória em 1992 num cenário de profunda crise e os eleitores podem recordar esse momento (e o período de prosperidade que se seguiu à sua eleição) e convertê-lo em votos para Hillary. Mas também podem considerar que a receita de então não é a cura de hoje e apostar na tão propalada "mudança" de Obama (da qual tenho muitas dúvidas, mas sobre isso já me pronunciei).
O cenário nesta fase não é, pois, de clarificação como alguns gostariam, até porque, em número de delegados, Obama tem uma vantagem proporcionalmente maior. John Edwards pode, neste campo, desempenhar um papel crucial se optar por desistir e decidir apoiar Clinton (cenário que me parece mais credível do que um endosso da candidatura de Obama).
No futuro, esta campanha será talvez recordada com a frase de Dickens ("it was the best of times, it was the worst of times"). O melhor dos tempos pela profusão de debates e de troca de ideias que tem permitido e o pior pelo tempo que demora, pela paciência que exige e pelos nervos que implica.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Belo
Eu ainda não consegui ver, porque o aparelho de que disponho, neste fim de mundo bruxelense, não mo permite. Mas a descrição é deliciosa. mal posso esperar. Entretanto, partilho-o; gozai dele, e até ao meu regresso!
http://www.publico.clix.pt/videos/?v=20080125134402&z=1
http://www.publico.clix.pt/videos/?v=20080125134402&z=1
De regresso aos EUA
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
A nova bandeira do Iraque
Mas é só por um ano, enquanto se discute se é mesmo esta (a da direita) ou não. Talvez seja um exemplo de temporariedade à portuguesa, ou um traço árabe que conservámos como parte do carácter da raça lusa, mas esta pode bem ficar como está, porque tem o condão de reunir aqueles que podem ser os factores de unidade nacional do Iraque: as cores que as repúblicas árabes adoptaram como símbolo de unidade pan-árabe (tudo bem, ficam de fora os Curdos - mas Saladino era um curdo) e tem "Deus é grande" escrito a verde, cor do Islão, religião que a esmagadora maioria dos iraquianos partilha.
Saltam as estrelinhas, símbolo comum a outro país sob o regime do Baas, a Síria, embora nessa bandeira tenham ficado como memória do tempo em que o país fazia parte da República Árabe Unida, juntamente com o Egipto de Nasser. Não fazem falta (as estrelinhas).
Saltam as estrelinhas, símbolo comum a outro país sob o regime do Baas, a Síria, embora nessa bandeira tenham ficado como memória do tempo em que o país fazia parte da República Árabe Unida, juntamente com o Egipto de Nasser. Não fazem falta (as estrelinhas).
Coisas que não se percebem
Neste assunto há aspectos que eu compreendo: percebo que a Rússia queira passear poderio militar, irritar os membros da NATO, mostrar até onde podem chegar os seus bombardeiros, cumprir objectivos de política interna, contentando os milhões de Russos que vivem abaixo do limiar da pobreza não com manteiga, mas com canhões. Isso eu percebo, e não estou sozinho nessa percepção.
Mas não percebo que, se não me falham nem a memória nem a geografia, não sendo os Tupolev-160 transportados em porta-aviões, possam atravessar espaço aéreo de membros da NATO para chegar ao golfo da Biscaia. A menos que dêem uma volta monumental por espaço aéreo internacional, voando a Ocidente da Irlanda, para chegar à Biscaia, algo que admito que aconteça, embora me pareça improvável.
Ou seja, não percebo porque é que os Estados-membros da NATO não dizem ao senhor Putin y sus muchachos para ir fazer estalar bombas às portas das suas mãezinhas na Sibéria. Se a NATO fizesse a mesmíssima coisa ao largo do Cabo Norte, ou no Golfo da Finlândia, ou no Mar Negro, o que não seria! Mas ao contrário já pode ser?
Posso estar enganado, ou a raciocinar com base em dados incorrectos. Mas, a fazer fé em tudo o que o Times publica, isto é um género de coisa que a Europa Ocidental faz mal em deixar ir avante.
Mas não percebo que, se não me falham nem a memória nem a geografia, não sendo os Tupolev-160 transportados em porta-aviões, possam atravessar espaço aéreo de membros da NATO para chegar ao golfo da Biscaia. A menos que dêem uma volta monumental por espaço aéreo internacional, voando a Ocidente da Irlanda, para chegar à Biscaia, algo que admito que aconteça, embora me pareça improvável.
Ou seja, não percebo porque é que os Estados-membros da NATO não dizem ao senhor Putin y sus muchachos para ir fazer estalar bombas às portas das suas mãezinhas na Sibéria. Se a NATO fizesse a mesmíssima coisa ao largo do Cabo Norte, ou no Golfo da Finlândia, ou no Mar Negro, o que não seria! Mas ao contrário já pode ser?
Posso estar enganado, ou a raciocinar com base em dados incorrectos. Mas, a fazer fé em tudo o que o Times publica, isto é um género de coisa que a Europa Ocidental faz mal em deixar ir avante.
Back on the campaing track
Regresso aos olhares sobre a campanha eleitoral nos EUA com um pensamento curto sobre mud slinging: uma excelente expressão em inglês que vai mais além do mero e quase literal "atirar lama" ou "lançar calúnias". É que slinging significa "lançar com uma funda", como a que o David usou para derrubar o Golias, e dá uma bonita imagem de primarismo, de silêncio, de rebuço e de intenção em ferir, graças à própria natureza da arma.
Com as primárias da Carolina do Sul, "o Estado do Palmito", no Sábado, a Senadora Clinton quer enterrar de vez a candidatura do Senador Obama, e o Senador Obama não quer deixar que lhe esvaziem, pelo menos já (i.e., antes da Terça-Feira Gorda), o balão. Se o Obama ganhar, a batalha vai ser mais tecnológica, prevejo. Talvez se progrida da Antiguidade para a Idade Média, com necessidade de recurso a armaduras. O Senador, como já demonstrou antes, tem a pele bastante fina. Verduras, provavelmente.
Com as primárias da Carolina do Sul, "o Estado do Palmito", no Sábado, a Senadora Clinton quer enterrar de vez a candidatura do Senador Obama, e o Senador Obama não quer deixar que lhe esvaziem, pelo menos já (i.e., antes da Terça-Feira Gorda), o balão. Se o Obama ganhar, a batalha vai ser mais tecnológica, prevejo. Talvez se progrida da Antiguidade para a Idade Média, com necessidade de recurso a armaduras. O Senador, como já demonstrou antes, tem a pele bastante fina. Verduras, provavelmente.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Da Rússia, mas sem amor...
A última semana foi pródiga em demonstrações da real politik russa, tema que já aqui foi alvo de posts. Dois acontecimentos, contudo, demonstram bem o alcance, os objectivos e as premissas que estão na base da actual política externa russa.
A primeira foi a reacção russa - à la KGB - à recusa do Reino Unido em encerrar dois escritórios regionais do British Council, que deveriam ter fechado no dia 1 de Janeiro. O que fez Moscovo? Interrogou os funcionários russos dos respectivos Centros, que, supresa, não foram trabalhar no dia seguinte e levou para a esquadra o director de um desses Centros, que, supostamente, apresentaria sinais de embriaguez. Não sei se a argumentação - essencialmente jurídica - das autoridades russas tem ou não validade. O certo é que nenhuma das partes no diferendo esconde a sua verdadeira causa: o pedido britânico de extradição de Lugovoy, investigado pelo homicídio de Litvinenko. Note-se que as trocas comerciais entre Londres e Moscovo continuam a bater recordes, o que é sinal de alguma maturidade. Mas não deixa de ser sintomático que ao claro desafio lançado pelo Reino Unido, na forma de recusa em acatar uma decisão de Moscovo, que foi claramente política, a Rússia tenha reagido como reagiu. De forma tacanha, pequena e mesquinha. Conclusões? Por um lado, a sensação de influência estrangeira na Rússia na década de 1990 foi tão grande, que, hoje, qualquer pretexto serve para minimizar os pretensos perigos que essa presença potencialmente encerra. Por outro, e parafraseando um político português, "quem se mete com a Rússia, leva". O tratamento de ONG's financiadas por estrangeiros na Rússia é também disto um exemplo.
O segundo caso digno de registo foi o acordo firmado por Putin na Bulgária quanto à conclusão do oleoduto Burgas-Alexandroupolis, que mina claramente (diga Sófia o que disser) o projecto Nabuco da UE. A conclusão que se retira deste episódio é que, face aos Estados-membros da UE, a estratégia de Putin é clara: dividir para reinar. À falta de uma linha clara da União face a Moscovo, Putin aproveita as linhas divisórias que existem e vai assegurando a presença russa num sector em que a Europa está claramente dependente da Rússia: a energia.
Para terminar, e num tom mais descontraído, três anedotas que circulam na Rússia sobre Putin:
- Num encontro entre Putin e Estaline, o primeiro pede ajuda ao segundo sobre como melhor liderar o país. Resposta pronta de Estaline: "Mata todos os democratas e depois pinta o interior do Kremlin de azul". "De azul?", pergunta Putin. "Ah ha", responde Estaline, "já sabia que não irias estranhar a primeira parte".
- Num encontro entre Putin e Bush, nas margens do Volga, o Presidente dos EUA queixa-se dos constantes ataques de mosquitos, que não o deixam apreciar o passeio. "Vladimir", pergunta ele, "estou farto de ser atacado por mosquitos, mas nenhum te ataca". Resposta pronta de Putin: "They know better than that".
- Putin leva Medvedev (seu designado sucessor) a jantar. À pergunta do empregado sobre o que vão comer, Putin responde prontamente "Um bife". "E quanto ao vegetal?", pergunta o empregado. "Come um bife, também", responde Putin.
A primeira foi a reacção russa - à la KGB - à recusa do Reino Unido em encerrar dois escritórios regionais do British Council, que deveriam ter fechado no dia 1 de Janeiro. O que fez Moscovo? Interrogou os funcionários russos dos respectivos Centros, que, supresa, não foram trabalhar no dia seguinte e levou para a esquadra o director de um desses Centros, que, supostamente, apresentaria sinais de embriaguez. Não sei se a argumentação - essencialmente jurídica - das autoridades russas tem ou não validade. O certo é que nenhuma das partes no diferendo esconde a sua verdadeira causa: o pedido britânico de extradição de Lugovoy, investigado pelo homicídio de Litvinenko. Note-se que as trocas comerciais entre Londres e Moscovo continuam a bater recordes, o que é sinal de alguma maturidade. Mas não deixa de ser sintomático que ao claro desafio lançado pelo Reino Unido, na forma de recusa em acatar uma decisão de Moscovo, que foi claramente política, a Rússia tenha reagido como reagiu. De forma tacanha, pequena e mesquinha. Conclusões? Por um lado, a sensação de influência estrangeira na Rússia na década de 1990 foi tão grande, que, hoje, qualquer pretexto serve para minimizar os pretensos perigos que essa presença potencialmente encerra. Por outro, e parafraseando um político português, "quem se mete com a Rússia, leva". O tratamento de ONG's financiadas por estrangeiros na Rússia é também disto um exemplo.
O segundo caso digno de registo foi o acordo firmado por Putin na Bulgária quanto à conclusão do oleoduto Burgas-Alexandroupolis, que mina claramente (diga Sófia o que disser) o projecto Nabuco da UE. A conclusão que se retira deste episódio é que, face aos Estados-membros da UE, a estratégia de Putin é clara: dividir para reinar. À falta de uma linha clara da União face a Moscovo, Putin aproveita as linhas divisórias que existem e vai assegurando a presença russa num sector em que a Europa está claramente dependente da Rússia: a energia.
Para terminar, e num tom mais descontraído, três anedotas que circulam na Rússia sobre Putin:
- Num encontro entre Putin e Estaline, o primeiro pede ajuda ao segundo sobre como melhor liderar o país. Resposta pronta de Estaline: "Mata todos os democratas e depois pinta o interior do Kremlin de azul". "De azul?", pergunta Putin. "Ah ha", responde Estaline, "já sabia que não irias estranhar a primeira parte".
- Num encontro entre Putin e Bush, nas margens do Volga, o Presidente dos EUA queixa-se dos constantes ataques de mosquitos, que não o deixam apreciar o passeio. "Vladimir", pergunta ele, "estou farto de ser atacado por mosquitos, mas nenhum te ataca". Resposta pronta de Putin: "They know better than that".
- Putin leva Medvedev (seu designado sucessor) a jantar. À pergunta do empregado sobre o que vão comer, Putin responde prontamente "Um bife". "E quanto ao vegetal?", pergunta o empregado. "Come um bife, também", responde Putin.
A Dinamarca reforça o seu já impressionante arsenal
Parecendo que não, o pequeno (julgamos nós) país escandinavo conta, entre as suas possessões de além-mar com a Gronelândia, ilha maior que a Europa Ocidental e que está em vias de derreter e de se transformar, tudo indica, num lugar mais aprazível. Conta, por isso, e tradicionalmente, porque sempre esteve rodeada de potências maiores e mais fortes, com forças armadas tecnologicamente de ponta e com despesas militares acima da média europeia.
Feita a análise mais ou menos séria, resta acrescentar que é por estas e por outras que eu não diria que não a uma União Pessoal entre a nossa terra e esta monarquia. Nada de mais, só uma comunhão de chefia de Estado, estilo Reino Unido e Canadá. Denunciável, claro está, se os padrões baixassem, que isto das Uniões Pessoais rege-se por considerações ad feminam muito rigorosas.
Feita a análise mais ou menos séria, resta acrescentar que é por estas e por outras que eu não diria que não a uma União Pessoal entre a nossa terra e esta monarquia. Nada de mais, só uma comunhão de chefia de Estado, estilo Reino Unido e Canadá. Denunciável, claro está, se os padrões baixassem, que isto das Uniões Pessoais rege-se por considerações ad feminam muito rigorosas.
Eleições na Sérvia
Os sérvios foram às urnas e o resultado da primeira volta é a vitória do líder do Partido Radical, "anti-ocidental" e "ultra-nacionalista" Tomislav Nikolic.
Tudo isto deve traduzir-se em que o senhor não gostou que a NATO lhe bombardeasse o país e que talvez não veja com bons olhos a independência do Kosovo. Ou, de facto, pode ser o endiabrado que a imprensa descreve. Mais um artigo aqui.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Os imigrantes por engano
Antes de um remendo de fôlego sobre o assunto, a notícia de hoje do Público, em desenvolvimento deste remendo:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1316780
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1316780
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Um país de quase nos esquecemos
Até à independência de Timor-Leste, a Indonésia era um daqueles países em que amíude se falava. Depois do referendo, da declaração de independência e da quase normalização de relações entre Dili e Jakarta (prova do bom senso político de Xanana Gusmão e Ramos Horta), esquecemo-nos da Indonésia. Um artigo do International Herald Tribune relembra-nos a importância do país, desmistifica algumas verdades absolutas (como a de que a democracia num Estado maioritariamente muçulmano é um perigo) e apresenta um retratato realista do que é hoje a Indonésia. Vale a pena ler. Aqui.
Ainda sobre o referendo ao Tratado...
Confesso que por considerar este blog como sendo de política externa, não estava com vontade de falar sobre 'O Referendo' ao Tratado de Lisboa, matéria que considero iminentemente de política interna. Contudo, e atento à miriade de comentários e opiniões tão absurdas como demagógicas, venho apresentar a minha posição sobre o assunto, talvez um pouco 'legalista' (eu sei, sou assim) mas julgo que a mais sensata.
Na Constituição da República Portuguesa (CRP), na sua PARTE III (Organização do poder político), TÍTULO III (Assembleia da República), CAPÍTULO II (Competência), Artigo 161.º(Competência política e legislativa), podemos ler na alínea i):
"i) Aprovar os tratados, designadamente os tratados de participação de Portugal em organizações internacionais, os tratados de amizade, de paz, de defesa, de rectificação de fronteiras e os respeitantes a assuntos militares, bem como os acordos internacionais que versem matérias da sua competência reservada ou que o Governo entenda submeter à sua apreciação;"
e logo a seguir, na alínea j):
"j) Propor ao Presidente da República a sujeição a referendo de questões de relevante interesse nacional;"
Da simples leitura deste articulado, podemos retirar o seguinte:
- que é à AR (e não ao Povo) que compete a aprovação de tratados.
- que o referendo serve para 'questões de relevante interesse nacional', excluindo quase automaticamente 'aprovações' de tratados de qualquer espécie, forma ou feitio.
Posto isto, gostava de dizer o seguinte: elegemos os nossos representantes democraticamente, para que em Democracia, actuem em nome da Sociedade que os elegeu. Ora, se a Assembleia da República (AR) considera que não é competente para aprovar o Tratado de Lisboa (a julgar pelo coro de vozes que clama por 'REFERENDO JÁ'), sugiro que se faça um referendo à existência (ou não) da própria Assembleia porque se a cada decisão dificil, o Parlamento decide referendar (por medo da opinião pública ou por estratégia política) para quê uma alínea i) na CRP?
Creio que o espírito do constitucionalista era o de garantir que a AR era um ORGÃO DE SOBERANIA e não a 'feira demagogica' em que se tornou.
Considero que deve ser a Assembleia, no exercício das suas competências, a aprovar o Tratado, mas se o Primeiro Ministro deseja fazer as coisas bem, devia então propôr à AR a realização de um referendo, não para aprovar um Tratado mas para sondar a opinião dos portugueses sobre que futuro querem para Portugal na Europa, para o tema ser debatido e discutido, falado e explicado e para que os portugueses se sintam confortáveis com a nova Europa.. Trata-se de um tema muito sério, com reais implicações para o país, que não deve ser tratado demagogicamente pelos partidos políticos.
A César o que é de César!
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Um incidente em directo (II)
Guerra, senão no mar, pelo menos nos vídeos! Só encontrei a versão iraniana aqui, espero que seja o suficiente!
Descubra as diferenças
Um dos obstáculos fundamentais, e que se aplica de forma igual a todos os candidatos sérios à nomeação, ao desenvolvimento e anúncio dos seus programas é o facto de ainda estarem a concorrer com os seus próprios compagnons de route. Não se pode correr o risco de apresentar uma frente completamente desunida ao eleitorado, sob pena de fragmentar o partido quando, afinal, do que se precisa é de união para as eleições de Novembro. Esta situação gera necessariamente silêncios e acanhamentos a que não assistiremos, naturalmente, depois de consolidadas as nomeações. Mas como Hillary e Obama estão no mesmo pé, não há que desenvolver o tema.
O Sebastião encontra falhas na posição do Obama, das quais, aparentemente, não sofre a Hillary. Não concordo. "Não basta pedir mudança. É preciso explicar como é que ela se vai processar." Está perfeito. Toda a razão. Mas ainda não vi a Hillary explicar melhor do que o Obama como é que vai mudar a Washington que ela conhece tão bem. Aliás, o título deste remendo inspirou-se precisamente nesta condição: em termos de programa, em que é que os dois Senadores se distinguem decisivamente? Sendo do mesmo partido, talvez nem tenham de se distinguir muito - o que até vai ao encontro daquilo que defendo. Ficam aqui os links para os programas eleitorais dos dois candidatos:
Talvez, então, a Hillary se distinga pela promessa de desempenho competente das funções, com base na experiência que acumulou. Talvez. Mas se falamos em promessa, acho que ainda estamos em fase de gostar de quem quisermos - ou que grandes vitórias obteve a Hillary ao longo de todo o tempo de que esteve em Washington, sendo Primeira Dama e depois senadora? Acho que em termos de desempenho de cargos executivos, Hillary e Obama estão empatados a 0.
O Obama, salvo erro, já passou 8 anos no Senado estadual do Illinois e 2 no Senado em Washington. É certo que é ainda mais outsider que os outsiders até agora. É-o, certamente, em relação a quem não se cansa de dizer que tem 35 anos de experiência de Washington; demonstrou-o, lapidarmente, ao responder à pergunta "Why do you keep talking about hope?" "I'm a black guy, called Barack Obama, running for President. You got to have hope".
Por fim, e parafraseando Brigitte Bardot: Quanto mais conheço a Hillary, mais gosto do Obama. Não sabemos muito da vida dele até aparecer na ribalta, é verdade; mas aquilo que conheço da Hillary, e não é pouco, malgré moi, é mais que suficiente para escolher.
A bem da pluralidade, devíamos fazer isto a dois candidatos republicanos - o que te parece, Sebastião? Prefiro não ficar com o Romney, pode ser?
O Sebastião encontra falhas na posição do Obama, das quais, aparentemente, não sofre a Hillary. Não concordo. "Não basta pedir mudança. É preciso explicar como é que ela se vai processar." Está perfeito. Toda a razão. Mas ainda não vi a Hillary explicar melhor do que o Obama como é que vai mudar a Washington que ela conhece tão bem. Aliás, o título deste remendo inspirou-se precisamente nesta condição: em termos de programa, em que é que os dois Senadores se distinguem decisivamente? Sendo do mesmo partido, talvez nem tenham de se distinguir muito - o que até vai ao encontro daquilo que defendo. Ficam aqui os links para os programas eleitorais dos dois candidatos:
Talvez, então, a Hillary se distinga pela promessa de desempenho competente das funções, com base na experiência que acumulou. Talvez. Mas se falamos em promessa, acho que ainda estamos em fase de gostar de quem quisermos - ou que grandes vitórias obteve a Hillary ao longo de todo o tempo de que esteve em Washington, sendo Primeira Dama e depois senadora? Acho que em termos de desempenho de cargos executivos, Hillary e Obama estão empatados a 0.
O Obama, salvo erro, já passou 8 anos no Senado estadual do Illinois e 2 no Senado em Washington. É certo que é ainda mais outsider que os outsiders até agora. É-o, certamente, em relação a quem não se cansa de dizer que tem 35 anos de experiência de Washington; demonstrou-o, lapidarmente, ao responder à pergunta "Why do you keep talking about hope?" "I'm a black guy, called Barack Obama, running for President. You got to have hope".
Por fim, e parafraseando Brigitte Bardot: Quanto mais conheço a Hillary, mais gosto do Obama. Não sabemos muito da vida dele até aparecer na ribalta, é verdade; mas aquilo que conheço da Hillary, e não é pouco, malgré moi, é mais que suficiente para escolher.
A bem da pluralidade, devíamos fazer isto a dois candidatos republicanos - o que te parece, Sebastião? Prefiro não ficar com o Romney, pode ser?
A primeira baixa
Bill Richardson, o Governador do Novo México, desistiu da corrida à nomeação democrata, de acordo com este artigo. Mas este é apenas um pretexto para um post de resposta a este do Otto sobre as vantagens do Obama.
Parece-me que Obama é uma pessoa carismática, capaz de motivar as pessoas, de as entusiasmar e de defender um projecto. Aí estamos de acordo. Hillary Clinton pode não ser tão carismática quanto Obama ou tão people-person. Mas para se ser Presidente dos EUA não basta ser um bom motivational speaker. Convém a qualquer líder político ter um projecto, ter ideias, ter um plano. Em suma, saber o que quer e como o quer. Não basta pedir mudança. É preciso explicar como é que ela se vai processar. E aí Obama, parece-me, falha. Tal como falha na apregoada argumentação de outsider do sistema. Meus amigos, nenhum outsider chega a candidato à nomeação democrata! E isso não é mau. Conhecer o sistema, saber como ele funciona é essencial se se quer reformá-lo. O que é mau é tentar passar uma mensagem de pessoa distante dos meandros políticos de Washington, quando isso não é verdade. E, finalmente, acho sinceramente em que há áreas em que não é recomendável arriscar: a Hillary conhecemo-la e de Obama sabemos pouco.
Parece-me que Obama é uma pessoa carismática, capaz de motivar as pessoas, de as entusiasmar e de defender um projecto. Aí estamos de acordo. Hillary Clinton pode não ser tão carismática quanto Obama ou tão people-person. Mas para se ser Presidente dos EUA não basta ser um bom motivational speaker. Convém a qualquer líder político ter um projecto, ter ideias, ter um plano. Em suma, saber o que quer e como o quer. Não basta pedir mudança. É preciso explicar como é que ela se vai processar. E aí Obama, parece-me, falha. Tal como falha na apregoada argumentação de outsider do sistema. Meus amigos, nenhum outsider chega a candidato à nomeação democrata! E isso não é mau. Conhecer o sistema, saber como ele funciona é essencial se se quer reformá-lo. O que é mau é tentar passar uma mensagem de pessoa distante dos meandros políticos de Washington, quando isso não é verdade. E, finalmente, acho sinceramente em que há áreas em que não é recomendável arriscar: a Hillary conhecemo-la e de Obama sabemos pouco.
A decisão acertada
Já em Outubro me tinha pronunciado contra a realização de um referendo sobre o Tratado de Lisboa (ver aqui). Ontem, o PM Sócrates anunciou que a ratificação do dito seria parlamentar. Para além dos argumentos que aduzi o ano passado contra a realização do referendo, e que me parecem continuar a ser válidos, ontem, no Parlamento, o Primeiro-Ministro referiu um outro que me parece exemplar para justificar, por um lado, a não realização do referendo e, por outro, para desaconselhar a submissão à "consulta popular" de matérias de política externa.
Disse Sócrates que a realização de um referendo em Portugal poderia ter um efeito de spill-over noutros EM's, onde a aprovação do Tratado não seria algo garantido como em Portugal (aliás, do ponto de vista de política interna, esta era uma daquelas questões no brainer: se não houvesse que ponderar interesses externos, era evidente que haveria referendo). De facto, a realização do referendo em Portugal não só seria desaconselhável no plano dos princípios, como teria sérios efeitos negativos para a nossa imagem externa, por um lado, e para o conjunto da União Europeia, por outro. A decisão foi, assim, tomada com sentido de Estado, já que tanto a nossa imagem internacional como a eficácia da UE são e devem continuar a ser um dos nossos mais básicos interesses. Este é também, portanto, um exemplo de como a convocação de referendos sobre Tratados internacionais é altamente desaconselhável, já que há razões e ponderações que quem tem responsabilidades governativas tem de ter em conta, mas que não pode transmitir publicamente. E são, muitas vezes, essas razões e motivações que ora justificam uma decisão ora justificam outra.
Disse Sócrates que a realização de um referendo em Portugal poderia ter um efeito de spill-over noutros EM's, onde a aprovação do Tratado não seria algo garantido como em Portugal (aliás, do ponto de vista de política interna, esta era uma daquelas questões no brainer: se não houvesse que ponderar interesses externos, era evidente que haveria referendo). De facto, a realização do referendo em Portugal não só seria desaconselhável no plano dos princípios, como teria sérios efeitos negativos para a nossa imagem externa, por um lado, e para o conjunto da União Europeia, por outro. A decisão foi, assim, tomada com sentido de Estado, já que tanto a nossa imagem internacional como a eficácia da UE são e devem continuar a ser um dos nossos mais básicos interesses. Este é também, portanto, um exemplo de como a convocação de referendos sobre Tratados internacionais é altamente desaconselhável, já que há razões e ponderações que quem tem responsabilidades governativas tem de ter em conta, mas que não pode transmitir publicamente. E são, muitas vezes, essas razões e motivações que ora justificam uma decisão ora justificam outra.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Back to New Hampshire
Volto agora ao assunto quente do dia: as eleições no New Hampshire. Concordo com a avaliação do Otto, segundo a qual a vitória é mais importante para Clinton do que o significado da (por pequena margem) derrota é para Obama. Não me parece que, neste caso, a Senadora se possa associar ao epíteto do marido em 1992 ("comeback kid"). Desconfio, por outro lado, que foi o lado emocional dos eleitores que mais influenciou o resultado de ontem. O vídeo de Clinton à beirta das lágrimas pode ter sido o tipping-point (desculpem-me os constantes recursos a expressões inglesas nestes últimos dias, mas há coisas que soam muito melhor).
Quanto às cenas dos próximos episódios, o voto dos democratas registados vai assumir maior preponderância (há Estados em que, contrariamente ao New Hampshire, os eleitores independentes não podem votar nas primárias) e, aí, Obama pode ter sérias dificuldades, já que, no Estado do Granito, foi nessa faixa de eleitores que alicerçou o seu honroso segundo lugar. O contrário é válido para Clinton, que ondem seduziu, essencialmente, os eleitores registados.
Quanto à campanha republicana (menosprezada no blog, é verdade), o resultado de ontem não foi espantoso face ao que se espera. Só duas notas: McCain foi considerado inelegível há uns meses e agora é um sério candidato à nomeação e a estratégia de Giuliani de não concorrer nestes pequenos Estados (não por serem pequenos, mas por os eleitores republicanos serem aí mais conservadores e, portanto, menos propensos às suas ideias à la democrate) pode revelar-se um tiro no pé, já que neste início tão importante de primárias raramente aparece nas notícias (por não fazer campanha) e, quando aparece, é constantemente nos últimos lugares. E os eleitores podem esquecer-se dele!
Quanto às cenas dos próximos episódios, o voto dos democratas registados vai assumir maior preponderância (há Estados em que, contrariamente ao New Hampshire, os eleitores independentes não podem votar nas primárias) e, aí, Obama pode ter sérias dificuldades, já que, no Estado do Granito, foi nessa faixa de eleitores que alicerçou o seu honroso segundo lugar. O contrário é válido para Clinton, que ondem seduziu, essencialmente, os eleitores registados.
Quanto à campanha republicana (menosprezada no blog, é verdade), o resultado de ontem não foi espantoso face ao que se espera. Só duas notas: McCain foi considerado inelegível há uns meses e agora é um sério candidato à nomeação e a estratégia de Giuliani de não concorrer nestes pequenos Estados (não por serem pequenos, mas por os eleitores republicanos serem aí mais conservadores e, portanto, menos propensos às suas ideias à la democrate) pode revelar-se um tiro no pé, já que neste início tão importante de primárias raramente aparece nas notícias (por não fazer campanha) e, quando aparece, é constantemente nos últimos lugares. E os eleitores podem esquecer-se dele!
And now, for something completely different
Aparentemente indiferente aos resultados das primárias norte-americanas está o Presidente Bush (ciente, provavelmente, que a sua presença não é querida por nenhum candidato republicano), que hoje começa um périplo pelo Médio Oriente (começando por Israel, irá ainda avistar-se com Abbas na Cisjordânia, e seguirá depois para o Kuwait, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, terminando no Egipto, a 16 de Janeiro).
A visita terá, provavelmente, poucos reflexos na resolução das difíceis questões (refugiados, estatuto de Jerusalém,...) que, em Annapolis, Israel e a Autoridade Palestiniana se comprometeram a abordar agora, em vez de no final das negociações, como antes se preconizava. Mas esta é uma visita importante em, pelo menos, dois domínios:
- representa não só a continuação de uma tradição de final de mandato dos Presidentes dos EUA (que procuram, assim, deixar um legado numa questão essencial para os EUA), como significa uma viragem imbuída do espírito give diplomacy a chance, que, não é preciso estar muito atento, não tem sido apanágio da Administração Bush;
- permitirá a Bush falar com vários países sobre o Irão e sobre a melhor forma de como lidar com Teerão, pouco tempo depois da National Intelligence Estimate ter dito que a ameaça nuclear iraniana não era all that was cracked up to be e da liderança de Ahmadinejad não ser afinal tão segura quanto se pensava (o líder religioso tem-no desautorizado por diversas vezes).
A visita terá, provavelmente, poucos reflexos na resolução das difíceis questões (refugiados, estatuto de Jerusalém,...) que, em Annapolis, Israel e a Autoridade Palestiniana se comprometeram a abordar agora, em vez de no final das negociações, como antes se preconizava. Mas esta é uma visita importante em, pelo menos, dois domínios:
- representa não só a continuação de uma tradição de final de mandato dos Presidentes dos EUA (que procuram, assim, deixar um legado numa questão essencial para os EUA), como significa uma viragem imbuída do espírito give diplomacy a chance, que, não é preciso estar muito atento, não tem sido apanágio da Administração Bush;
- permitirá a Bush falar com vários países sobre o Irão e sobre a melhor forma de como lidar com Teerão, pouco tempo depois da National Intelligence Estimate ter dito que a ameaça nuclear iraniana não era all that was cracked up to be e da liderança de Ahmadinejad não ser afinal tão segura quanto se pensava (o líder religioso tem-no desautorizado por diversas vezes).
Um incidente em directo
Para desenjoar das eleições, aqui fica o vídeo publicado pelo Departamento da Defesa norte-americano sobre os sprints das lanchas dos Guardas da Revolução e os mísseis e tal. É interessante:
http://www.defenselink.mil/news/briefingslide.aspx?briefingslideid=320
http://www.defenselink.mil/news/briefingslide.aspx?briefingslideid=320
Resultados no New Hampshire
Ganhou a Hillary, 39% a 36%. Uma vitória que significa mais para ela do que a derrota significa para o Obama, na minha opinião. Se ter perdido retirou um bocado do gás à campanha do Senador, uma derrota teria abalado fortemente a confiança - e o staff político - da Senadora. Final da história: que se lixem as sonadgem, vamos ter todos que ficar até às 4 da manhã a seguir a bendita contagem de resultados. Ou então ler O Conserto das Nações na manhã seguinte.
Porque este blogue quere-se de referência, ficam aqui uns quantos links para saber os detalhes, em primeira mão:
Os resultados e as reportagens 1, 2, 3 e 4.
Próximas paragens: Michigan, dia 15 (R) e Nevada, dia 19 (D).
E porque, como bem me apontaram, andamos a ignorar os Republicanos, posso já dar um palpite: Mitt Romney devia ser uma carta fora do baralho. Não tem grandes ideias, não tem grande discurso, não tem grande presença. Fica bem nos porta chaves e nos cartazes. Pior que tudo: contra um Obama (mesmo contra uma Hillary) perde. Digo eu.
Porque este blogue quere-se de referência, ficam aqui uns quantos links para saber os detalhes, em primeira mão:
Os resultados e as reportagens 1, 2, 3 e 4.
Próximas paragens: Michigan, dia 15 (R) e Nevada, dia 19 (D).
E porque, como bem me apontaram, andamos a ignorar os Republicanos, posso já dar um palpite: Mitt Romney devia ser uma carta fora do baralho. Não tem grandes ideias, não tem grande discurso, não tem grande presença. Fica bem nos porta chaves e nos cartazes. Pior que tudo: contra um Obama (mesmo contra uma Hillary) perde. Digo eu.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Tem de ser (II)
Pois tem! Tremei sedes de campanha nos States, os consertistas tomam posição! Sem esperança de ter tanto impacto nas eleições americanas quanto teve A Capital (embora gostássemos da mesma publicidade), é muito bom que aqui assumamos as nossas preferências; quanto mais não seja porque as mesmas acabariam por transparecer dos nossos comentários, ou então sujeitar-nos-íamos a tamanhas voltas e reviravoltas no português que perderíamos mais tempo a ser equidistantes do que a... fazer o que fazemos aqui. Além disso, pessoalmente, dou-me mal com neutralidades e imparcialidades - normalmente são auto-atribuídas, e isto de supostas qualidades que decidimos assumir, a um dado momento, raramente sai bem. Não às torres de marfim, não aos falsos distanciamentos, não ao cinzentismo.
Porque é que I have a crush on Obama? (Quem não viu o vídeo que vá ver). Fiquei desperto para a existência política do senador Barack Obama no discurso que fez na Convenção dos Democratas em 2004. Não havia somente um jovem político bem falante e telegénico, havia algo mais, um misto de star quality e de estadismo. No final do discurso falou-se rapidamente em presidential hopeful. Muito do que Obama representa e apregoa baseia-se, fundamentalmente, e admito-o, na impressão que deixa em quem o ouve e vê.
Uma eleição do Obama representa a materialização daquilo que quem gosta dos Estados Unidos (como eu) espera neles encontrar: uma sociedade aberta, uma terra de oportunidades, seja para quem for, venha de quem vier. E essa mensagem de esperança é precisamente aquilo de que os EUA e o mundo precisam neste momento. Não passa a mensagem de ser um animal político, com cicatrizes de mil batalhas; traz uma imagem fresca, jovem e isso apela, porque batidos pela vida já estão os americanos há pelo menos 8 longos anos de W. Bush.
Falta arranhar este verniz do Obama, e ao longo da campanha acontecerá. Em conteúdo, Obama parece mais ser um motivador, um líder inspirado e inspirador, do que um homem que cerebralmente comanda a máquina do governo. Acho que isto também se adequa aos EUA - e adequar-se-ia lindamente a Portugal, já agora.
Quem sabe venha a desiludir, por falta de experiência ou de consistência, no futuro. Veremos. Mesmo assim, lá no fundo, acho que a grande maioria das pessoas (e é lá que eu estou) prefere lamentar amargamente a queda de um anjo do que aplaudir, porque inevitável, o coroar da ambição que se cultivou durante décadas.
Porque é que I have a crush on Obama? (Quem não viu o vídeo que vá ver). Fiquei desperto para a existência política do senador Barack Obama no discurso que fez na Convenção dos Democratas em 2004. Não havia somente um jovem político bem falante e telegénico, havia algo mais, um misto de star quality e de estadismo. No final do discurso falou-se rapidamente em presidential hopeful. Muito do que Obama representa e apregoa baseia-se, fundamentalmente, e admito-o, na impressão que deixa em quem o ouve e vê.
Uma eleição do Obama representa a materialização daquilo que quem gosta dos Estados Unidos (como eu) espera neles encontrar: uma sociedade aberta, uma terra de oportunidades, seja para quem for, venha de quem vier. E essa mensagem de esperança é precisamente aquilo de que os EUA e o mundo precisam neste momento. Não passa a mensagem de ser um animal político, com cicatrizes de mil batalhas; traz uma imagem fresca, jovem e isso apela, porque batidos pela vida já estão os americanos há pelo menos 8 longos anos de W. Bush.
Falta arranhar este verniz do Obama, e ao longo da campanha acontecerá. Em conteúdo, Obama parece mais ser um motivador, um líder inspirado e inspirador, do que um homem que cerebralmente comanda a máquina do governo. Acho que isto também se adequa aos EUA - e adequar-se-ia lindamente a Portugal, já agora.
Quem sabe venha a desiludir, por falta de experiência ou de consistência, no futuro. Veremos. Mesmo assim, lá no fundo, acho que a grande maioria das pessoas (e é lá que eu estou) prefere lamentar amargamente a queda de um anjo do que aplaudir, porque inevitável, o coroar da ambição que se cultivou durante décadas.
Tem de ser
Correndo o risco de fazer este blog parecer-se com "A Capital", quando o seu director assumiu, em 2004, apoiar John Kerry para as eleições presidenciais dos EUA (e assim fazendo, certamente, a campanha de Bush tremer que nem varas verdes), gostaria, aqui, a bem do debate (já que entre consertistas esta posição não é unânime) dizer que gosto de Hillary Clinton. E gostar é o verbo certo. Tenho sempre uma relação emocional com as campanhas políticas. Procuro racionalizá-las, prestar atenção aos programas, pensar nas propostas, mas, at the of the day, chego à conclusão que não basta só isso para fazer uma escolha. O aspecto humano é também muito importante. Também aqui deverei sofrer de alguma limitação, já que Obama ultrapassa largamente Clinton num dos critérios mais aferidos das sondagens: a likebility (em Portugal fazemos sondagens em que se pergunta "Com que candidato gostaria de jantar?"; "A que candidato pediria conselhos de leitura?",... Nos EUA são mais terra-a-terra e englobam tudo nesta categoria tão singular).
Os resultados do Iowa, que tudo indica se irão repetir no New Hampshire (em termos de diferença percentual entre Obama e Clinton, que, ainda assim, deve ficar em segundo lugar), parecem ter também sossegado alguns eleitores indecisos, que, apercebendo-se que um Estado maioritariamente branco e rural, apoiou um candidato negro, se sentem agora mais à vontade para votar em Obama.
Eu, contudo, continuo a preferir Clinton (que ontem até quase chorou, como se pode ver aqui). Acho que é candidata melhor preparada para o lugar, aquela que mais conhece Washington e os seus meandros (o que, sendo por vezes criticado, é certamente uma vantagem no sistema político norte-americano de checks and balances) e a que parece ter uma ideia mais concreta do que quer fazer caso ganhe as eleições. No plano externo, é também a candidata mais articulada, que não parece precisar de assessores a susurrar-lhe o que dizer quando lhe perguntam como lidar com o Irão, o Iraque ou o Paquistão. Por fim, é-me simpática. E por tudo isto (que não pretende ser um manifesto, mas tão somente a passagem a escrito de um estado de alma), se pudesse era nela que votava.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Dias agitados na África do Sul
Novidades na África do Sul (já tinha este remendo planeado há tempos, mas no meu desterro natalício não pude desenvolvê-lo convenientemente): o todo-poderoso ANC tem um novo líder, Jacob Zuma.
Há várias razões para que Portugal se incomode, permanentemente, com aquilo que se passa na África do Sul (RAS). A principal é a grande comunidade imigrante a residir no país, numa situação bastante comparável àquela que se fixou na Venezuela:
1 - A grande maioria dos portugueses na RAS pertencem à classe média, sendo proprietários de pequenas e médias superfícies comerciais, o que faz deles um bem «saqueável»;
2 - A comunidade é alvo de uma mal-disfarçada animosidade das autoridades locais quando é alvo de atentados à vida e/ou à propriedade, por disfrutar de um nível de vida superior ao da média da população e, na RAS, com a agravante da questão racial e da alegada boa relação entre a comunidade e o Apartheid;
3 - São quase todos originários da Madeira!
Isto em termos de política externa de proximidade, digamos assim, algo que, como é natural num país que conta com perto de 5.000.000 de naturais seus por esse mundo além, é - tem de ser! - um eixo determinante na sua posição no e perante o mundo.
Em termos de política externa a outro nível (ando à procura da expressão adequada, que isto de não ter estudado Relações Internacionais merma-nos um bocado o vocabulário), a impressão que dá é que a RAS exerce um protectorado de facto sobre todos os países interiores na sua vizinhança, e até mesmo sobre Moçambique, o que significa que é a potência regional a Sul do Equador, e o único país da região que parece fazer-lhe frente é Angola.
Esta tensão potencial é uma fonte de oportunidades para uma actuação diplomática portuguesa activa que nos permita ganhar/restaurar influência na região, algo que nos conviria muitíssimo, se queremos ser levados a sério como potência média, punching above its weight, blá blá blá.
Entretanto, na Haia...
Recomeçou hoje, depois de um intervalo de seis meses, o julgamento de Charles Taylor, antigo Presidente da Libéria e primeiro dirigente africano a ser julgado por crimes de guerra num tribunal internacional (neste caso, o Tribunal Especial das NU para a Serra Leoa).
A questão dos Tribunais Internacionais é, do ponto de vista jurídico, mas principalmente, do ponto de vista político-sociológico, uma das mais interessantes da actualidade. Não só no plano da sua legitimidade (questionável, a meu ver, no caso dos Tribunais Penais Internacionais ad hoc para a ex-Jugoslávia e para o Ruanda, ambos criados pelo CSONU, sem qualquer participação dos Governos nacionais), mas também no da sua eficácia em termos de efectiva contribuição para o esforço de reconciliação nacional. Entre os Tribunais Internacionais, mesmo aqueles, como é o caso do da Serra Leoa e do Cambodja, que foram criados através de acordos entre as NU e os Governos dos respectivos países, e as Comissões de Reconciliação Nacional, tenho sérias dúvidas sobre qual o melhor caminho. Se, por um lado, a justiça deve ser feita para que criminosos de guerra como Milosevic e Charles Taylor sejam efectivamente condenados pelos seus actos, por outro os procedimentos que isso implica, as divisões étnicas que muitas vezes daí decorrem e, consequentemente, a fragilização de países já de si muito fracos, é o reverso da medalha que poderia e deveria ser ponderado.
Eu, pessoalmente, tenho dúvidas e não certezas sobre este caminho. Os processos de reconcialiação nacional já deram provas (v.g. África do Sul). Esperemos que esta tendência para criar Tribunais Internacionais também se consiga afirmar, para bem de todos.
A questão dos Tribunais Internacionais é, do ponto de vista jurídico, mas principalmente, do ponto de vista político-sociológico, uma das mais interessantes da actualidade. Não só no plano da sua legitimidade (questionável, a meu ver, no caso dos Tribunais Penais Internacionais ad hoc para a ex-Jugoslávia e para o Ruanda, ambos criados pelo CSONU, sem qualquer participação dos Governos nacionais), mas também no da sua eficácia em termos de efectiva contribuição para o esforço de reconciliação nacional. Entre os Tribunais Internacionais, mesmo aqueles, como é o caso do da Serra Leoa e do Cambodja, que foram criados através de acordos entre as NU e os Governos dos respectivos países, e as Comissões de Reconciliação Nacional, tenho sérias dúvidas sobre qual o melhor caminho. Se, por um lado, a justiça deve ser feita para que criminosos de guerra como Milosevic e Charles Taylor sejam efectivamente condenados pelos seus actos, por outro os procedimentos que isso implica, as divisões étnicas que muitas vezes daí decorrem e, consequentemente, a fragilização de países já de si muito fracos, é o reverso da medalha que poderia e deveria ser ponderado.
Eu, pessoalmente, tenho dúvidas e não certezas sobre este caminho. Os processos de reconcialiação nacional já deram provas (v.g. África do Sul). Esperemos que esta tendência para criar Tribunais Internacionais também se consiga afirmar, para bem de todos.
sábado, 5 de janeiro de 2008
O que tu queres sei eu
Um bonito exemplo de estreiteza na análise, algo com que normalmente se brinda os Estados-membros mais pequenos da União quando se atrevem a trabalhar pelo mesmo protagonismo com que os céus da Europa Central abençoou outros.
Parafraseando: "O ponto alto da Presidência Portuguesa foi a assinatura do Tratado de Lisboa [certo, estamos bem...], cerimónia infelizmente manchada pelas elevadas emissões de gases poluentes, uma vez que os Portugueses obrigaram os Chefes de Estado e de Governo a deslocar-se a Lisboa [pois claro...] e logo a seguir a voar de regresso a Bruxelas [ai Jesus]. Ah, também houve atrasos no aeroporto e por vezes os diplomatas portugueses tiveram de improvisar soluções ad hoc [cousa assombrosa, jamais vista]. Faltou falar na Dulce Pontes, e no facto de alguns irmãos da UE serem alérgicos a marisco, ou terem apanhado uma insolação em Novembro.
O principal comentador é italiano. Obrigado pela chamada de atenção ao Diplomata.
A Geórgia vai hoje a votos
E não é aquela que foi devastada pelo general Sherman durante a Guerra da Secessão e onde foi inventada a Coca-Cola. É a do Cáucaso, onde nasceu o Paizinho dos Povos, e sobre a qual ondula uma das bandeiras mais bonitas e distintivas do mundo. Já escrevi isto nalgum lado, mas nunca é demais repetir verdades.
Eleições que, mesmo ofuscadas pelas primárias norte-americanas e pelo esquecimento abrangente a que aquela região do Mundo está votada, são da maior importância para a estabilidade de um país ciuja política interna e externa tem repercussões bastante maiores na região e no mundo do que aquilo que à partida se supõe. Um assunto a acompanhar, se não na imprensa portuguesa, onde há outros assuntos prementes, pelo menos aqui.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
The results are in
Desconfio que, este ano, as eleições presidenciais dos EUA serão um dos temas constantes deste blog. Pela minha parte, penso que é um dos processos mais complexos e interessantes de observar. De facto, em nenhum outro sistema teria o Iowa o protagonismo que teve até ontem - e que agora se transfere para o New Hampshire. Será um peso desproporcional para alguns, mas é também uma responsabilidade de que os eleitores daquele Estado não abdicam - mesmo que, nos últimos 20 anos, os vencedores das primárias não tenham sido eleitos nem os candidatos dos respectivos Partidos (com excepção de John Kerry e George Bush em 2004). Os resultados finais aqui.
De profundis
Das profundezas do Iowa, os eleitores de ambos os partidos decidiram, com votações expressivas e uma afluência às urnas rara, que os primeiros vencedores da longa procissão eleitoral norte-americana (que ainda vai no adro), são Mike Huckabee (R) e Barack Obama (D).
E eu feliz. Só escrevo agora porque estive até às 4 e meia da manhã a assistir aos discursos dos derrotados e dos vencedores; mas que prazer em escrever estas linhas! Por um lado, honra-me que O Conserto das Nações tenha dado destaque ao «patinho feio» Huckabee por causa do sentido de humor e do não-conformismo que trouxe à campanha, algo valorizado pelos eleitores republicanos e, por outro lado, tenho estado à espera de uma boa desculpa para postar este vídeo (como se o vídeo precisasse, pobrezinho):
Não faço previsões, mas é possível que, daqui a quatro dias no New Hampshire, possa confirmar-se um instinto que tenho... que o Obama vai a caminho da nomeação Democrata. Por muito voluntarista que se seja, custa a crer que uma pessoa só faça ou desfaça muito num país, e então nos Estados Unidos... mas acredito que uma nomeação, e decididamente uma vitória de Obama, fará mais pela imagem dos Estados Unidos tanto no interior quanto no exterior do que a vitória já anunciada da Hillary. Em breve desenvolverei o assunto, até porque aqui entre comparsas d'O Conserto as opiniões não são unânimes!
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Se dúvidas houvesse
As eleições presidenciais dos EUA em 2000 podem ter cultivado em alguns países um espírito de superioridade quanto às suas credenciais democráticas face ao que lá aconteceu. Em 2004, não se tendo registado qualquer episódio semelhante à contagem de votos na Florida, o resultado foi, ainda assim, previsível, pelo que só agora, em 2008, nos relembramos, por exemplo, por que é que os Presidentes dos EUA gostam de se entitular líderes do mundo livre. Os mandatos do Sr. Bush podem ter alimentado algumas dúvidas também nesse domínio (e a expressão não é, de todo, a mais feliz, por no mundo livre não haver, por definição, um líder natural), mas se dúvidas restassem sobre as credenciais democráticas dos EUA, elas rapidamente se dissipariam perante o que se passa por estes dias no Iowa. Ver aqui.
As eleições primárias são, talvez mais até do que as eleições presidenciais em si, um exemplo claro da vitalidade da democracia norte-americana. O Iowa, que ao longo de quatro anos é normalmente ignorado, tem honras de primeira página nestas alturas. Os candidatos fazem tudo para convencer potenciais eleitores. E isso não inclui oferecer electrodomésticos. Inclui, isso sim, discutir política e opções ideológicas com todo o tipo de pessoas, das mais diversas formações, nos mais diversos grupos (de um conjunto de 10 eleitores a um auditório com mais de 2 mil). É bonito. Sobre o procedimento (Q&A) ver aqui e sobre o que se segue, ver isto.
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
2008
Antes de mais, Bom Ano!
Se os últimos dias de um ano são, normalmente, de retrospectiva, os primeiros dias de outro são, tradicionalmente, de antevisão. Não quero fugir à regra, pelo que aqui ficam algumas datas, de que me lembrei agora, que irão marcar 2008.
Tudo começa dia 3 de Janeiro, com o Caucus do Iowa. As eleições presidenciais norte-americanas são, contrariamente ao que pode parecer (já que a campanha decorre há quase um ano), apenas em Novembro, mas os Partidos Republicano e Democrata começam agora a escolha dos seus candidatos. As últimas sondagens indicam empates técnicos nos dois campos, pelo que dias 3 e 8 (primárias de New Hampshire) vão ser dias em que importa estar atento. Ou não, se considerarmos, por exemplo, que Bill Clinton perdeu o Iowa em 1992. Veremos.
Dia 5 há eleições na Geórgia e dia 8 no Paquistão (??). Em Janeiro / Fevereiro teremos ainda tempo para discutirmos, at lenght, o caso do Kosovo. E não esqueçamos que já começou a Presidência Eslovena da UE.
2008 será também o ano de mais negociações sobre o pós-Quioto, de eleições presidenciais na Rússia (donde não devem resultar grandes novidades, excepção feita ao futuro de Putin, que duvido seriamente que venha a passar pelo cargo de PM) e das difíceis decisões sobre a forma de ratificação do Tratado de Lisboa.
Mas 2008, temo, será também o ano do contínuo espectáculo do Sr. Sarkozy como Presidente do Conselho Europeu (temo, também, que já tenha começado - hoje!). Ah, e claro, da escolha do novo aeroporto de Lisboa.
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